26/08/2016 - Luta do SINPEEM obriga o prefeito a retirar o PL nº 558/15 da Câmara

     A forte adesão da categoria à realização dessa paralisação, contra o PL nº 558/16 (Sampaprev), o PL nº 257/16 e a PEC nº 241/16, já teve seu primeiro e importante resultado.

     Fez alguns que dormem muito e acordam tarde levantarem cedo para atender ao convite de café matinal com o prefeito e ouvir dele que iria retirar o PL nº 558/15 da Câmara Municipal, em clara tentativa de desmobilizar o movimento dos profissionais de educação, que reagem e lutam contra a implantação do Regime de Previdência Complementar, mudanças na aposentadoria especial do magistério, contra o PL nº 257/16 e a PEC nº 241/16.

     A instituição do Regime de Previdência Complementar, também prevista no PL nº 257/16 e na PEC nº 241/16, como desejam os governos, está dentro do pacote de redução de gastos para o combate ao déficit público, jogando todo o ônus nas costas dos trabalhadores públicos e privados. Não podemos aceitar. 

     Sem dúvida, a retirada do PL nº 558/15 é conquista dos profissionais de educação, por meio da luta do SINPEEM, realizada desde a campanha salarial desse ano, que obrigou o prefeito a incluir no Protocolo de Negociação que o referido projeto não seria votado nesse ano.

     Porém, em maio, contrariando o Protocolo de Negociação, foi realizada audiência pública na Câmara Municipal. A resposta da categoria foi imediata. Em reuniões com cerca de três mil representantes sindicais e centenas de conselheiros, foi aprovado que deveríamos alertar o governo de que o descumprimento do acordo colocaria a categoria em greve. O primeiro passo foi marcar paralisação, manifestação e assembleia geral para 26 de agosto, contra a aprovação do Sampaprev, do PL nº 257/16, que dispõe sobre a renegociação das dívidas dos Estados e do Distrito Federal, impondo perdas para os servidores e corte nas verbas da educação, bem como contra a PEC nº 241/16, que implica, entre outras medidas, na desvinculação das receitas destinadas à saúde e à educação.

     Com a notícia sobre a retirada do PL nº 558/15 da Câmara Municipal, alguns estranharam a não presença do SINPEEM no café da manhã com o prefeito. Outros, afirmaram que não tinha motivos para manter a manifestação ou que o seu caráter deveria se destinar a outras causas. 

     O SINPEEM não poderia se prestar ao papel de criar confusão e até sugerir às pessoas que participava de um evento com clara intenção de desmobilizar o nosso movimento. Da mesma forma, jamais suspender, cancelar ou mudar o caráter da nossa manifestação em defesa dos direitos, contra as medidas fiscais do governo, que implicam na retirada de recursos da educação e da saúde e ainda promover a reforma da Previdência, com consequências já conhecidas por todos.

     Quem luta pressiona e ajuda até quem age para desmobilizar.

     Como sempre afirmamos, juntos somos fortes e os que não acreditam nisso desfrutam das nossas conquistas indo ao café com o prefeito.


LUTA NÃO TERMINA COM O ANÚNCIO DO PREFEITO

     Está claro para quem participou da decisão de lutar contra a retirada dos nossos direitos, contra o Sampaprev, contra o PL nº 257/16 e a PEC nº 241/16 e para todos que receberam as convocações oficiais do SINPEEM que lutamos contra um conjunto de ações pretendidas pelos governos municipal e federal.

     Convocamos essa paralisação para também defender a aposentadoria especial do magistério, para lutar contra a reforma da Previdência – que impõe mais tempo de serviço e mais idade para a aposentadoria dos profissionais de educação e de todos os servidores – e contra a desvinculação de receitas da educação, incluídas no PL nº 257/16 e PEC nº 241/16, que continuam em andamento.


EM DEFESA DOS DIREITOS E CONTRA O PL Nº 257/16 

Não à redução das verbas para a educação

     Praticamente com o mesmo conteúdo, o Projeto de Lei nº 257/16, enviado ao Congresso pela presidente Dilma, antes de seu afastamento, e a Proposta de Emenda Constitucional nº 241/16, encaminhada pelo governo Temer, preveem medidas de ajuste fiscal que colocam sobre os ombros dos servidores o ônus da reforma fiscal pretendida pelo Executivo.

     Após pressão dos movimentos sindicais e sociais, a Câmara dos Deputados aprovou Substitutivo ao PL nº 257/16, retirando algumas condições impostas pelo governo federal para a renegociação das dívidas com os Estados e o Distrito Federal.

     Entre as condições retiradas no Substitutivo ao PL nº 257/16 estão: não concessão de vantagem, aumento, reajustes ou adequação de remuneração a qualquer título por 24 meses, ressalvados os decorrentes de atos derivados de sentença judicial; suspensão da admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas as reposições decorrentes de aposentadoria ou falecimento de servidores nas áreas de educação, saúde e segurança; redução em 10% da despesa mensal com cargos de livre provimento, em comparação com o mês de julho de 2014;  sanção e publicação de lei que estabeleça normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo na Lei de Responsabilidade Fiscal e que contenha, no mínimo, a instituição de Regime de Previdência Complementar; de monitoramento fiscal das contas do ente da federação, de modo a propor medidas necessárias para a manutenção do equilíbrio fiscal;  e elevação das alíquotas de contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14%.

     No entanto, mesmo com a retirada dos condicionantes que implicavam em perdas de direitos para os servidores dos Estados e do Distrito Federal, foi mantida a essência do PL nº 257/16, com o artigo que determina que a variação de suas despesas anuais não seja superior ao índice de inflação calculado pelo IBGE. O efeito dessa obrigatoriedade para os Estados e o Distrito Federal, caso participem do acordo, aditando os contratos de renegociação de suas dívidas com a União, é a desvinculação das receitas destinadas para a manutenção e desenvolvimento do ensino e para a saúde. Ou seja, o PL nº 257/16 reduz, anualmente e por um período de até 20 anos, os recursos que devem ser aplicados obrigatoriamente em saúde e educação. 

     Inaceitável para um sistema de educação que padece com a falta de vagas, de universalização de acesso, com a necessidade de valorização de seus profissionais, com a superlotação das salas de aula e tantos outros problemas de infraestrutura. Não podemos aceitar!


PEC Nº 241/16 DESVINCULA AS RECEITAS PARA MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO

     Já a PEC nº 241, denominada pelo governo Temer como um “novo regime fiscal”, semelhante ao PL nº 257, de Dilma, fixa o teto para os gastos públicos, tendo como limite as despesas do ano anterior, também corrigida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que valerá para os próximos 20 anos, prevendo a desvinculação das receitas com a educação e a saúde. 

     Isso significa que, se a PEC nº 241/16 também for aprovada, os valores mínimos dos gastos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios com educação passarão a ser corrigidos pela variação da inflação do ano anterior e não mais pelo percentual obrigatório constitucionalmente, com receita corrente líquida de cada um desses entes.  

     A PEC nº 241/16 também estabelece que, em caso de descumprimento do limite de gastos estabelecido para os poderes e órgãos da União, (Executivo, Legislativo, Judiciário, além de Ministério Público da União e Defensoria Pública da União) o poder que extrapolar o limite ficará proibido, no exercício seguinte, de: 

     a) conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração de servidores públicos, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal decorrente de atos anteriores à publicação da PEC; 

     b) criar cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa; 

     c) alterar estrutura de carreira que implique aumento de despesa; 

     d) admitir ou contratar pessoal, a qualquer título, ressalvadas a reposição decorrente de aposentadoria ou de falecimento de servidores, e as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa; 

     e) realizar concurso público. 

     Um verdadeiro retrocesso, de uma proposta que visa à redução de gastos transferindo todo ônus do déficit público para os servidores, prejudicando a qualidade de serviços públicos, prioritários e essenciais para toda a população, como a educação e a saúde.


     ENCAMINHAMENTOS:

     - contra o PL nº 257 e a PEC nº 241;

     - lutar contra a desvinculação de receitas para a educação;

     - propor à CNTE que organize a luta nacional contra estes projetos;

     - propor à CNTE que convoque todas as entidades de trabalhadores da educação para greve geral contra estas propostas, e em defesa da educação pública;

     - propor à CNTE que realize ato em frente ao Congresso Nacional contra os ataques do governo à educação, aos seus profissionais e aos servidores públicos.
Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home