14/03/2007 – Clipping Educacional

O Clipping Educacional do SINPEEM tem como finalidade
manter os profissionais de educação filiados ao sindicato informados
sobre as publicações diárias dos principais jornais impressos e sites
sobre a área de educação. Portanto, os textos apresentados
não expressam a opinião do SINPEEM.


O ESTADO DE SÃO PAULO – 14/03/2007
MEC vai investir R$ 1 bilhão para reforçar o ensino técnico 

Pacote injetará recursos para construir mais 150 unidades em 4 anos 

Lisandra Paraguassú 

Um dos principais eixos da educação na visão do presidente Lula, o ensino técnico ganhará um reforço além do que já recebeu no primeiro mandato, com a criação de mais 150 escolas, ao custo de R$ 1 bilhão em quatro anos, e um novo tipo de unidade para incrementar a formação de professores. Também haverá alteração na lei dos estágios, para que os alunos não virem mão-de-obra barata.

A expansão é o ponto central do pacote do ensino técnico. O Ministério da Educação usou a definição de cidades-pólo dos ministérios da Indústria e Comércio e da Agricultura - os maiores centros produtivos - para verificar onde há necessidade de novas escolas. Boa parte das escolas técnicas já está em cidades-pólo, mas concentradas. No Estado de São Paulo, por exemplo, praticamente não há escolas técnicas federais em toda a região oeste.

As 150 novas escolas vão ser distribuídas por todos os Estados e devem respeitar a vocação econômica de cada região. Só em São Paulo serão 13, nas regiões do Vale do Paraíba, Araraquara, Ribeirão Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Bauru, São José do Rio Preto, Itapetininga e litoral sul.

Se o plano for aprovado pelo presidente, todas deverão estar funcionando em quatro anos. O total de R$ 1 bilhão irá para os prédios, equipamentos, contratação de professores e custeio. 'Será a maior expansão do ensino técnico desde que a rede federal foi criada', afirmou o secretário de ensino técnico do MEC, Eliezer Pacheco.

PROFESSORES DE CIÊNCIAS

O segundo ponto do pacote é a criação dos institutos de ciência e tecnologia. O ministério vai propor uma nova figura jurídica, com praticamente toda as prerrogativas e a autonomia de uma universidade - como criar cursos e campus sem autorização do MEC - mas dedicada exclusivamente à formação técnica e tecnológica e ao ensino de ciências.

A idéia é que os atuais Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) possam se transformar em Institutos Federais de Ciência e Tecnologia. Eles terão de concentrar metade do orçamento em educação básica profissionalizante e a outra metade no ensino superior tecnológico. Neste caso, 20% terá de ser para cursos de licenciatura em ciências, física, química e matemática. Além disso, terão a obrigação de apoiar a rede pública de ensino básico na formação de professores. Hoje o País tem um déficit de 200 mil professores nessas áreas.

O ministério também quer recuperar as escolas técnicas e agrotécnicas ligadas às Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). Hoje há cerca de 30 escolas desse tipo nas universidades federais, a maioria delas quase abandonadas, excluídas do projeto pedagógico das universidades e usufruindo pouco das tecnologias desenvolvidas por elas. A idéia é convencer as universidades a abrir mão das escolas, que se transformariam em autarquias.

MORALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

Outra mudança deverá ser a alteração na legislação que trata dos estágios e na educação no local de trabalho. Com o crescimento do ensino técnico, a tendência é que aumente o número de estagiários e aprendizes. O governo teme vê-los transformados em mão-de-obra barata. Na tentativa de evitar isso, a idéia é limitar o período de estágio, o número de horas trabalhadas e os locais. Estagiário ou aprendiz não poderá trabalhar como operário nem produzir algo que vá ser vendido.

O ensino técnico é hoje um dos que mais crescem no País. Levantamento do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep) mostrou que as matrículas aumentaram 14,7% entre 2003 e 2004 e mais 10,6% entre 2004 e 2005. O número de escolas também cresceu: passaram de 2.789 em 2003 para 3.294 em 2005, sendo a maioria (71,3%) privadas - incluindo confessionais, comunitárias, filantrópicas e particulares. Hoje, a rede federal tem 138 escolas.

Nível médio: Serão criadas 150 escolas de nível médio em municípios-pólo ou num raio de 80 km, beneficiando locais onde hoje não há instituições federais e com cursos ligados a seu perfil econômico

NOVIDADES

Ciência e Tecnologia:
Serão criadas instituições federais que dedicarão metade do seu orçamento à educação profissional de nível médio. A outra metade irá para o ensino superior com ênfase em cursos tecnológicos. Neste caso, pelo menos 20% dos recursos terão de ser para licenciaturas de física, química, ciências e matemática

Autarquias: Escolas técnicas e agrotécnicas vinculadas a universidades vão virar autarquias independentes. As 30 escolas hoje nessa situação poderão ser separadas das universidades e integrarão a rede federal de ensino técnico

Estágios: Projeto de lei estabelecerá limites de tempo e horas de trabalho por dia nos estágios

NÚMEROS

18% foi o

aumento do número de escolas técnicas de nível médio entre 2003 e 2005

747,8 mil
é o total de matrículas nessas escolas em 2005, segundo o Ministério da Educação

31,5% é o
porcentual de matrículas em cursos na área de saúde quando comparado ao total de alunos

17,8% dos
alunos matriculados estão em cursos da área industrial, se comparados ao total do ensino técnico

2.350 são
as escolas da rede particular, que respondem pela maioria das unidades no País

147 são
as unidades sob responsabilidade do governo federal

JORNAL DA TARDE – 14/03/2007
Serra dá aula em escola estadual 

Alunos da EE Paulo Monte Serrat interpretam notícias e são bons em matemática 

MARIA REHDER 

A tarde de ontem foi diferente para o governador José Serra, que assumiu o papel de professor e deu uma aula de 50 minutos para 37 alunos de 4ª série da Escola Estadual Paulo Monte Serrat, localizada na Vila Leme, Zona Leste, que foi apontada pela leitora do Jornal da Tarde Marina Refinetti como modelo de qualidade de ensino.

A escola conta com 400 alunos, de 1ª a 4ª série. O JT atendeu a sugestão da leitora e publicou a reportagem em 3 de março (leia abaixo). A matéria chamou a atenção do governador, pois a escola conta com uma equipe de professores entrosada e antiga, o que resulta em estudantes com ótimos índices de aprendizagem.

A visita de Serra à escola contou como hora/aula dada aos alunos. A turma recebeu exemplares do JT, praticou a leitura de notícias, o entendimento de gráficos e discutiu futebol e política. O governador concedeu também uma entrevista exclusiva ao JT:

JT: A receita 'futebol, tabuada , jornal' é o segredo de uma boa aula?

Serra: Na verdade, eu uso o futebol para ensiná-los a ler uma tabela, um gráfico, pois o futebol é um tema que motiva muito as crianças. Aproveitei para incentivá-los a ler em voz alta e pude ver que esses alunos já sabem interpretar, têm boa pontuação. Fiz questão de introduzi-los ao jornal, para a partir daqui criarem o hábito de ler as notícias diariamente.

Como o senhor avalia o desempenho dos alunos de 4ª série da Escola Estadual Paulo Monte Serrat?

Eles estão acima da média, pois souberam interpretar as notícias de jornal, entenderam os gráficos. Obviamente que eu não conseguiria ensiná-los em uma aula todo o conceito de porcentagem, mas pela introdução que dei pude avaliar que eles estão preparados para aprender.

É esta a linha que o senhor pretende implantar em toda a rede estadual por meio do Ler e Escrever?

Exatamente, é essa proposta. A turma para a qual dei aula hoje é diferenciada, é a melhor que já visitei .

Além da ênfase à leitura, o senhor pretende adotar dois professores por sala. Porém, o ex-secretário estadual de Educação Gabriel Chalita declarou recentemente que tal prática foi adotada em outros países e não deu certo. Como o senhor avalia essa afirmação?

Eu não li a declaração dele, mas essa é uma proposta que passamos a adotar na Prefeitura de São Paulo e que tem funcionado bem. Inclusive muitos colégios particulares também usam isso.

O secretário municipal de Educação Alexandre Schneider disse recentemente ao 'JT' que a rede municipal adotará, em breve, um sistema de avaliação por desempenho que levará em conta desde a evasão escolar dos alunos até a assiduidade e a participação dos docentes. Isso daria certo na rede estadual?

Essa é uma linha que eu mesmo comecei a desenvolver quando estava na Prefeitura. No entanto, essas são idéias que estamos levando em conta em nosso programa de Educação que logo será apresentado.

Cerca de 90% dos professores da EE Paulo Monte Serrat trabalham na escola há mais de cinco anos. Possuir uma equipe antiga não é o ideal para todas escolas da rede estadual de ensino?

Essa estabilidade é o ideal, mas nesse contexto a direção da escola tem papel-chave, pois é ela quem dá orientação. E a EE Paulo Monte Serrat demonstra que com os recursos disponíveis é perfeitamente possível ter um aproveitamento muitíssimo maior do que a média da maior parte dos alunos.

O MEC, por meio do Programa de Desenvolvimento da Educação, pretende contar com o apoio dos Estados e Municípios para a elaboração de diretrizes que incluem desde a escolha criteriosa de diretores até o incentivo para a formação de Conselho de Escola. Será que essas serão medidas que ajudarão o governo a melhorar os índices de qualidade das suas escolas?

Aguardarei a proposta concreta para comentar o programa.

JORNAL DA TARDE – 14/03/2007
PAC inclui R$ 1 bi para ensino técnico 

Pacote do Ministério da Educação, que deve ser lançado nas próximas semanas, prevê investimento nessa área e 150 novas escolas em quatro anos 

LISANDRA PARAGUASSÚ 

O pacote de educação que o governo federal deve lançar nas próximas semanas inclui um investimento de R$ 1 bilhão em quatro anos para construir mais 150 escolas técnicas no País.

Além de aumentar o número de vagas, o Ministério da Educação (MEC) quer aproveitar a estrutura das novas escolas para formar professores de Ciências. A idéia é que os atuais Centros Federais de Educação Tecnológica possam se transformar em Institutos Federais de Ciência e Tecnologia. Para isso, terão de concentrar metade do seu orçamento em educação básica profissionalizante e a outra metade no ensino superior tecnológico.

O levantamento do MEC mostrou que, hoje, boa parte das escolas técnicas estão em cidades-pólo. Entretanto, elas estão concentradas em apenas algumas áreas.

As 150 novas escolas vão ser distribuídas por todos os Estados e devem respeitar a vocação econômica da região. Em São Paulo, serão 13, nas regiões do Vale do Paraíba, Araraquara, Ribeirão Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Bauru, São José do Rio Preto, Itapetininga e no Litoral Sul.

Se o plano for aprovado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, todas deverão estar funcionando em quatro anos. No total, deverão custar R$ 1 bilhão, orçamento que inclui a construção de novos prédios, equipamentos, contratação de professores e custeio. 'Será a maior expansão do ensino técnico desde que a rede federal foi criada', afirmou o secretário de Ensino Técnico do MEC, Eliezer Pacheco.

O segundo ponto do pacote inclui os Institutos Federais de Ciência e Tecnologia. O ministério vai propor uma nova figura jurídica, com praticamente toda as prerrogativas e a autonomia de uma universidade - como criar novos cursos e novos campi sem necessidade de autorização - mas dedicada exclusivamente à formação técnica e tecnológica e ao ensino de ciências.

O ministério também quer recuperar as cerca de 30 escolas técnicas e agrotécnicas ligadas às Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). A idéia do MEC é convencer as universidades a abrirem mão dessas escolas, que estão em situação de abandono.

O ensino técnico é uma das modalidades de ensino que mais cresce no Brasil. Um levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep) mostrou que o número de matrículas nas escolas técnicas aumentou 14,7% entre 2003 e 2004 e mais 10,6% entre 2004 e 2005.

JORNAL DA TARDE – 14/03/2007
Não falta professor na Monte Serrat 

Escola que Serra visitou é pequena: atende cerca de 400 alunos de 1ª à 4ª série do Ensino Fundamental 

Diferentemente de grande parte das escolas da rede estadual, a EE Paulo Monte Serrat não sofre com falta ou rotatividade de professores. O segredo: uma equipe de docentes comprometida com a proposta pedagógica.

No entanto, vale destacar que os profissionais têm de driblar desafios, como quadra poliesportiva descoberta e sala de leitura adaptada em um espaço que não pôde ser utilizado pelos alunos em 2006 por causa de reformas.

A professora Rosana B. de Brito, que acompanhou a aula do governador José Serra para seus alunos de 4ª série, atua há 11 anos na EE Monte Serrat. 'Também dou aula na rede municipal, mas não deixo essa escola por nada, pois gosto muito de dar aulas aqui, o ambiente de trabalho é muito bom.'

No entanto, a professora destaca que a rede estadual de ensino poderia investir mais na valorização do professor. 'Percebo que recebemos mais incentivos na rede municipal. Não só de remuneração por tempo de carreira, mas motivação para a participação em cursos de capacitação.'

Sobre o salário, Rosana afirma que já está na hora de implantarem uma nova avaliação por desempenho. 'O salário do professor ainda deixa a desejar. Mas acredito que, se houver uma valorização daqueles que se dedicam, a qualidade de ensino vai melhorar.'

JORNAL DA TARDE – 14/03/2007
2 perguntas para 

MARIA LÚCIA VASCONCELOS, SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO 

O que é uma boa escola? Será que o PAC da Educação que o MEC está prestes a divulgar vai ajudar na melhoria da qualidade de ensino?

O que faz a diferença em uma escola são os profissionais que estão nela inseridos. A constante remoção de professores para outras escolas faz com que não se constitua uma equipe verdadeira, com professores comprometidos. Em relação ao PAC da Educação, prefiro aguardar sua divulgação, mas normalmente essas questões não são muito voltadas para o Estado de São Paulo.

Que avaliação a senhora faz sobre as recentes declarações dadas pelo ex-secretário de Educação Gabriel Chalita, que criticou o corte do Escola da Família e apontou a maneira como foi implantada a progressão continuada na rede estadual como uma das causas dos baixos índices de qualidade da Educação no Estado?

Feitas as avaliações, agora é a minha hora de trabalhar. Com relação à progressão continuada, hoje estamos revendo porque percebemos, na prática, que o ciclo de quatro anos é um período muito longo - mas é óbvio que não é só o ciclo que será mudado, e sim todo o processo de avaliação. Vamos traçar expectativas de aprendizagem para cada uma das séries para cuidar da recuperação dos alunos que não estiverem acompanhando o ensino. Todas essas mudanças contarão com a participação dos profissionais da rede ensino, nada será imposto. Não vamos chamar um grupo de profissionais de fora para definir os conteúdos e destinos da rede.

JORNAL DA TARDE – 14/03/2007
NOTAS

Professora afastada por agredir aluna 

A Secretaria da Educação afastou ontem a professora Raquel de Souza, 54 anos, acusada de agredir uma aluna, em Mogi das Cruzes, Grande São Paulo. Ela recebeu uma licença saúde. Em nota, a secretaria informou que abriu uma apuração para levantar os motivos da discussão e uma perícia médica avaliará as condições da docente. A professora teria a agredido a aluna por desconfiar que ela estivesse passando cola durante uma prova.

FOLHA DE SÃO PAULO – 14/03/2007
Em SP e RJ, alunos morrem na porta da escola 

Dois estudantes foram assassinados anteontem à noite; nenhum dos dois jovens tinha registro de passagem pela polícia

Thiago, 18, do Rio, queria ser jogador de futebol; Adenilton, 19, trabalhava como cozinheiro em Bauru e estudava à noite

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

Dois estudantes -um no Rio de Janeiro e outro no interior de São Paulo- foram assassinados anteontem à noite na porta de suas escolas. Thiago Oliveira Paulino tinha 18 anos, queria ser jogador de futebol e acabara de ser chamado para testes no time de juniores do Madureira, do Rio. Adenilton da Silva, 19, trabalhava como cozinheiro em Bauru (343 km a noroeste de São Paulo) e estudava à noite.

Na história dos dois, além de terem sido brutalmente assassinados, há em comum o fato de que nenhum deles tinha registro de passagem pela polícia.

Rio

Thiago, o jovem do Rio, foi mais uma vítima da guerra de facções criminosas. Morreu quando quatro homens dispararam a esmo em frente a uma escola estadual em Bangu (zona norte). Outros oito jovens ficaram feridos no ataque. Os criminosos saltaram de um Space Fox às 20h30 e dispararam contra o grupo que estava diante do colégio Abrahão Jabour no intervalo das aulas. Minutos antes, homens armados de fuzis rondavam a escola em provável apoio à ação.

"A vida dele era jogar futebol", conta o pai, o funcionário público Fernando Paulino, 42. Thiago também ia ser pai. Seu filho com a namorada de 15 anos tem nascimento previsto para abril. O nome escolhido é Gabriel, mas pode virar Thiago Gabriel em homenagem ao pai. Ontem, o muro da escola exibia as marcas dos tiros de fuzis 7.62 e escopeta calibre 12. Os tiros atingiram o tórax e o abdômen de Thiago, que morreu no hospital. Diego Brito, 18, Estevão Barbosa dos Santos, 18, e Leonardo Alves, 23, também baleados no tórax e no abdômen, estavam em estado grave até a conclusão desta edição.

Eles também não tinham passagem pela polícia. Apenas Thiago era aluno da escola. "Eles atiraram para todos os lados. Diego ainda correu tentando fugir depois de levar o tiro e caiu dez metros depois. Eu ganhei [corri em direção] o muro e fugi", contou um jovem. Segundo a polícia, o atentado seria uma represália de traficantes expulsos da favela do Sapo após a morte do traficante José Renato da Silva Ferreira, o Batata, da ADA (Amigo dos Amigos), em 2006. A favela foi tomada pela facção rival TCP (Terceiro Comando Puro).

Bauru

O menino de Bauru, aluno da escola estadual Luiz Zuiani, foi baleado nas imediações do colégio, quando chegava para assistir a uma aula do supletivo. Silva recebeu um tiro no tórax. Ferido, ainda caminhou até o portão da escola, onde caiu e foi socorrido por policiais militares. Levado a um pronto-socorro, morreu no caminho.

Ao menos duas testemunhas presenciaram o assassinato, informou a polícia. Uma delas passou mal ao ver o crime e foi internada. À polícia, testemunhas disseram que houve uma discussão entre o rapaz e um homem, que disparou e fugiu. Um suspeito foi detido. Sua identidade não foi revelada. A polícia não descarta a hipótese de haver mais um homem envolvido no assassinato.
Colaborou MARIO HUGO MONKEN, da Sucursal do Rio

"A vida dele era jogar futebol", diz pai de Thiago

DA SUCURSAL DO RIO

O funcionário público Fernando Paulino, 42, via o sonho do seu filho, Thiago, 18, desaparecer aos poucos enquanto acelerava seu carro pelas ruas de Bangu para levar o filho, baleado no tórax e abdome, para o hospital Albert Schweitzer.
"Será que eu ainda vou jogar no Madureira, pai?", disse Thiago no banco de trás. O jovem atacante ganhara uma chance em testes no time de juniores do Madureira. Ele investiu no futebol. "A vida dele era jogar futebol", conta o pai.
O futebol afastou Thiago por um ano da escola. Ele retornou em 2006 e agora cursava o primeiro ano do Ensino Médio.
Thiago também ia ser pai. Seu filho com a namorada de 15 anos tem nascimento previsto para abril. O nome escolhido é Gabriel, mas pode virar Thiago Gabriel em homenagem ao pai. (IN)

FOLHA DE SÃO PAULO – 14/02/2007
Irritada com "cola", professora dá soco em estudante na sala de aula 

Aluna de Mogi das Cruzes (Grande SP) sofreu arranhões; docente foi afastada 

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma caneta virou arma na mão da professora estadual Raquel de Souza, 54, que a usou para agredir uma estudante em plena sala de aula em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), segundo relato da vítima, de outros alunos e da própria direção da escola.

A estudante Aline da Silva Santiago, 17, que sofreu arranhões no peito, no pescoço e no braço esquerdo, também levou um soco no rosto. A professora foi afastada pela Secretaria Estadual da Educação e será submetida a uma perícia médica.

"Não há dúvidas de que houve a agressão por parte da professora", afirmou Teresa dos Anjos Brandão, dirigente regional de ensino. De acordo com ela, colegas de Aline e a direção da escola confirmaram à diretoria de ensino a agressão. Uma investigação vai apurar os motivos do ataque.

O incidente ocorreu anteontem à noite, em uma sala do primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual Laurinda Cardoso de Mello Freire. Raquel, professora de filosofia, aplicava uma prova quando disse ter flagrado Aline passando cola para uma colega. Aline nega.

A estudante afirma que a professora, então, a atingiu com um soco no rosto e depois usou a caneta para golpeá-la. A ponta da caneta provocou arranhões na garota. "Ela disse que ia me matar. Só parou de me atacar porque uma colega me socorreu", disse Aline.

Foi a própria direção da escola que chamou a polícia e telefonou para o pai da aluna. "A diretora me disse que a professora agrediu minha filha sem nenhum motivo. Fiquei muito assustado", disse o pedreiro João Santiago de Santana.

Policiais militares registraram um boletim de ocorrência por lesão corporal no qual a professora aparece como autora. (GILMAR PENTEADO)

FOLHA DE SÃO PAULO – 14/03/2007 (OPINIÃO)
Os inocentes 

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO - A educação no Brasil é o desastre conhecido por todos e retratado escandalosamente em cada pesquisa, prova, avaliação, qualquer coisa que sirva como medição. A educação em São Paulo, há 12 anos, dois meses e 13 dias comandado pelo tucanato, que se considera o máximo em matéria de gestão, é um desastre talvez maior ainda pela riqueza do Estado.

Sorte dos paulistas que agora já sabem quem é o culpado. Ninguém.

Ah, talvez os pais.

É a conclusão que se impõe ao ler a entrevista que o ex-secretário de Educação, Gabriel Chalita, deu ontem à Folha a propósito do naufrágio das escolas paulistas (todas), revelado também por este jornal a partir dos exames de avaliação.

"Não há um culpado para esse problema", decreta Chalita.

No único momento em que esboçou algo mais que a fuga à responsabilidade, o ex-secretário culpou os pais, por "essa falta de envolvimento das famílias".

Falta de envolvimento é até um fato real -e lamentável-, mas a ele sobrepõe-se um fato muito mais relevante e muito mais lamentável que é a responsabilidade do Estado por oferecer educação de qualidade, no que vem fracassando rotundamente há anos.

O que ficou do tal "choque de gestão", o bordão preferido de Geraldo Alckmin na campanha pela Presidência? Bom, se não houve boa gestão, o tucanato pelo menos oferece choque. Choque de dedos apontados uns para os outros.

O ministro da Educação do período tucano, o hoje deputado federal Paulo Renato, culpa os secretários, que se culpam uns aos outros. Pior: o desastre tende a se perpetuar, porque a atual secretária, Maria Lúcia Vasconcelos, se disse "alarmada" e "triste" quando Laura Capriglione desta Folha mostrou os números.

Ou seja, ficou sabendo pelo jornal quão "alarmante" é o cenário no setor que comanda.

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