18 e 25/03 e 01/04/2017 - Curso presencial - Contação de histórias - Fátima Balthazar

LITERATURA INFANTIL

     Para Vygotsky, é a linguagem que ajuda a criança a direcionar o pensamento. Logo, é importante que ela tenha estímulos para desenvolver sua linguagem, alimentar seus pensamentos e sua imaginação. Ao tomar contato com a literatura infantil, a criança aprenderá não apenas a se familiarizar com a linguagem escrita. Muito mais do que isso, a criança estará formando o modo de pensar, os valores ideológicos, os padrões de comportamento de sua sociedade e, em especial, estará alimentando o seu imaginário. 

     A literatura forma as referências simbólicas, afetivas e de pensamento que irão permanecer na memória e influenciar comportamentos futuros. Não há passagens ingênuas e sem consequências nos textos literários. Principalmente porque a literatura cria uma outra realidade, que representa o que acreditamos ser o real, mas o faz de maneira a ressaltar no texto o caráter de fantasia, de imaginação: "o uso da fantasia na literatura infantil é mais um recurso de adequação do texto ao leitor (...) já que a criança compreende a vida pelo viés do imaginário".

     Há nessa utilização da fantasia e na resposta encontrada na literatura uma das mais importantes razões para que a escola trabalhe com a literatura infantil.

     A literatura, enquanto forma de conhecimento, é aquela que assume um papel informativo e que abre as portas do saber, propicia o acesso ao conhecimento, traz informações para a vida prática, num processo sem fim. A literatura visa muito mais à formação pessoal e emocional do leitor do que a sua ilustração, sua aprendizagem científica.

     Outra função precípua da literatura infantil diz respeito à educação da sensibilidade da criança. Apreendendo o mundo a partir das suas sensações e de sua imaginação criadora, e não a partir de conceitos e de relações lógicas, o sentido do mundo se encontra para a criança cifrado no sensível.

     Trabalhar com a literatura infantil representa, simultaneamente, contribuir para a formação integral da criança.

Contar histórias

     O homem é, por natureza e essência, sujeito da narrativa, portanto, um contador de histórias.

     O percurso histórico dos contadores é vasto. Sabe-se que, na maioria das vezes, nossos contos mais prediletos nasceram no meio do povo, entre as mulheres fiandeiras, que teciam nas rocas os fios de lã junto com pedaços de vida, retalhos de memória. Contar histórias sempre foi uma atitude relacionada ao sagrado e ao profano.

     Os contos sempre tiveram uma função muito especial dentro das práticas culturais e sociais de todos os povos, alimentando os sonhos e os anseios de superação dos conflitos do espírito e do corpo. Contar um conto exige que se prepare devidamente o ambiente. Que os ouvintes sejam preparados para a entrega, que possam confiar naquele que narra, pois, penetrar nas densas florestas, cabanas nos bosques, mares sem fim, castelos encantados, grutas e cavernas exige confiança. Portanto, o contador deve estabelecer um vínculo com a sua audiência. Foi assim desde os primeiros tempos. Existe uma verdadeira tradição das narrativas serem contadas ao redor do fogo ou da água, conforme a época do ano.

     A literatura infantojuvenil tem suas raízes históricas na tradição oral. Portanto, a oralidade é de grande importância no momento de "entrada" da criança no mundo da leitura. Mas, também é fundamental que a criança possa perceber que a narrativa oral tem sua representação na escrita e em outras formas de expressão.

     Contar histórias é diferente de ler histórias.

     O leitor infantil pode ser muito facilmente envolvido pelo momento da "contação", desde que o processo seja bem conduzido. Quanto mais a criança for provocada na sua capacidade de ser e sentir, mais probabilidade ela terá de se tornar um adulto feliz e transformador.

     A melhor técnica para narrar histórias de maneira sedutora, prazerosa e envolvente para crianças é, em primeiro lugar, ser um contador absolutamente apaixonado pelo mundo do "faz de conta". Estar envolvido afetivamente com a narrativa é ponto fundamental. A história tem de ser narrada com paixão, sentimento, entrega, partilha.

     Trabalhar com a literatura infantojuvenil é formar sensibilidades, provocar olhares, desconstruir contextos, possibilitar caminhos que se abram para o múltiplo, poético e sagrado universo humano.


     BIBLIOGRAFIA

     Costa, Marta Morais, Metodologia do ensino da literatura infantil, Ibpex, Curitiba, 2007.

     Cavalcanti, Joana, Caminhos da literatura infantil e juvenil, Paulus, São Paulo,2002.


     * Fatima Balthazar, professora, palestrante, arte-educadora, especialista em educação infantil, recreação e musicalização, pós-graduada em Metodologia do Ensino da Arte, Educação em Valores Humanos e Psicologia Transpessoal.


 
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