18 e 25/03 e 01/04/2017 - Curso presencial - Contação de histórias - Monalisa Lins

Contar e ouvir histórias na escola

     Contar histórias. Costume ancestral, quase apagado pela luz das televisões, tem sido retomado, principalmente nos grandes centros urbanos, em forma de apresentações e espetáculos, em lugares como bibliotecas, centros culturais e escolas. Porém, o ato de contar uma história pode ir muito além do entretenimento. Se nos remetermos à sua origem e função social é, antes de tudo, um ritual afetivo, íntimo e aconchegante, que aproxima as pessoas. E é neste ponto que chegamos à necessidade cada vez maior de incluir, novamente, os contos e as histórias na vida e no dia a dia, a partir da escola. 

     Hoje, além da televisão, temos os computadores, tablets, celulares e uma infinidade de telas que estão isolando os seres humanos em seus próprios mundos, os afastando de um convívio social saudável, cooperativo e, principalmente, afetivo. 

     É importante saber utilizar todos estes novos recursos tecnológicos, mas o equilíbrio é fundamental para uma vida saudável.

     Contar e ouvir histórias têm se mostrado uma fonte de grande alegria e reencontro entre as pessoas e se desenvolver nesta arte pode trazer grandes benefícios de caráter pessoal e social. 


Diferença entre ler e contar uma história

     Os contos orais exprimem a história da humanidade. Quem narra se sente vivo e importante. Os contos populares são próprios da cultura oral. 

     Enraizado na oralidade, o conto popular tem em sua base de comunicação a percepção auditiva da mensagem, enquanto o literário, se enraizando na escrita, tem na sua base de comunicação a percepção visual da mensagem. 

     Os contos tradicionais, cuja origem parece se encontrar nos rituais primitivos, que por muitos séculos orientaram os homens em sua busca de conhecimento do cosmo e de si mesmos, não são obras de um só autor. Resultam da produção coletiva de um povo que os cria a partir das representações de seu imaginário coletivo e, ao mesmo tempo, encontra neles o alimento para nutrir esse mesmo imaginário. 

     A palavra contada não é simplesmente fala. Ela é carregada dos significados que lhe são atribuídos: o gestual, o ritmo, a entonação, a expressão facial e até o silêncio que, se entremeando ao discurso, se integra a ela. 

     O valor estético da narrativa oral está, portanto, na conjugação harmoniosa de todos esses elementos. A arte do contador envolve expressão corporal, improvisação, interpretação, interação com seus ouvintes. O contador recria o conto juntamente com seus ouvintes, à medida que conta.  


O que contar?

     Quando contamos ou ouvimos uma história, passamos por um processo de ampliação da consciência humana. É a possibilidade de viver uma situação ficcional e extrair dela um aprendizado, sem correr os riscos como numa situação real. Nesta vivência, experimentamos as emoções que afetam os personagens. 

     Que contos são "contáveis"? Se considerarmos que contar pressupõe uma relação direta com o ouvinte, então podemos concluir que o conto de tradição oral é o que realmente se encaixa nesta arte, porque é ele que nos permite a liberdade de criar e recriar junto com a plateia. 

     Embora o conto de tradição oral possa ser sempre o mesmo, ele é sempre outro, porque contador e ouvinte nunca são os mesmos. 


* Monalisa Lins, narradora
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