27/03/2023 - Aluno mata professora a facadas e fere outras cinco pessoas; SINPEEM reivindica mais segurança

     O SINPEEM lamenta mais esta tragédia em um ambiente que deveria ser, única e exclusivamente, palco privilegiado de aprendizado e construção do conhecimento. E se solidariza com os familiares e amigos da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, morta na manhã desta segunda-feira, 27/03, após ser atacada por um aluno de 13 anos de idade do 5º ano da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, Zona Oeste da cidade de São Paulo.

     A professora não resistiu aos ferimentos das facadas desferidas pelo agressor e morreu no Hospital Universitário da USP. Outras cinco pessoas ficaram feridas e foram levadas para hospitais da região.

     De acordo com a Polícia Militar, o agressor foi rendido por uma professora de Educação Física, apreendido pelos policiais e levado para o 34° DP, onde o caso foi registrado.

     No celular do adolescente a polícia encontrou informações de ataques em outras escolas no país, o que indica que o crime foi planejado. Alunos da Escola Estadual Thomazia Montoro afirmam que o agressor, apesar de ser considerado um estudante quieto, já tinha protagonizado uma briga na última semana com outros colegas.

     Pais de alunos da escola relataram que as agressões físicas entre os alunos são recorrentes.


SINPEEM DEFENDE A IMPLEMENTAÇÃO DE PROGRAMAS DE COMBATE À VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS E EM SEU ENTORNO

     A violência no ambiente escolar e outras formas de violência têm sido temas de vários cursos oferecidos pelo SINPEEM, bem como de seminários e do congresso anual, ao longo dos anos. Também tem cobrado dos governos a implementação de programas de combate à violência nas unidades escolares e em seus entornos.

     Vários são os casos que comprovam que os problemas da educação, nos aspectos violência e indisciplina, podem estar associados à imensa desigualdade regional, de renda e de oportunidades, fruto do injusto sistema de desenvolvimento econômico e de concentração de renda vigentes historicamente no país, conforme apontam pesquisas do IBGE. 

     A violência, que há pouco tempo se mostrava no desacato aos professores e em pequenas brigas entre alunos, hoje tem uma dimensão muito mais grave. Ocorre desde intimidações físicas e verbais à degradação do espaço físico, furto, atos de vandalismo, inclusive porte de armas e tráfico de entorpecentes, assim como o seu consumo. Na cidade de São Paulo, são numerosos os casos de violência contra os profissionais de educação em escolas municipais e em suas imediações, sem que o poder público encontre e dê respostas efetivas.

     A omissão dos governos na criação de políticas públicas de fortalecimento da cidadania, geração de emprego e renda, de saúde, cultura, esporte e lazer, para jovens e adolescentes, especialmente na periferia ou em bolsões de miséria, acaba exacerbando a violência, com reflexos no cotidiano escolar.


PROJETOS POLÍTICOS-PEDAGÓGICOS TÊM DE CONTEMPLAR O COMBATE À VIOLÊNCIA

     A responsabilidade por projetos contra a violência não pode ser exclusiva da escola e de seus profissionais.

     Entretanto, defendemos que em seu projeto político-pedagógico a questão da violência seja contemplada. Trata-se de uma construção coletiva que exige ampla participação da comunidade. 

     Vincular a valorização profissional às condições de trabalho, segurança e saúde é marca permanente dos movimentos organizados pelo SINPEEM. Porém, apesar da nossa luta, a SME tem negligenciado. As escolas e todos os profissionais de educação estão expostos aos ambientes violentos, que podem levar ao adoecimento e afastamento do trabalho. 


CAMPANHAS, REIVINDICAÇÕES E AÇÕES RELACIONADAS À VIOLÊNCIA E À INDISCIPLINA NO COTIDIANO ESCOLAR

 
     DEFENDEMOS: 

a) apoiar todas as iniciavas que visem à disseminação de política direcionada à transformação dos sistemas educacionais em sistemas inclusivos, que contemplem a diversidade com vistas à igualdade;

b) realização de processos de formação inicial e continuada dos docentes, gestores e Quadro de Apoio, em consonância com as atuais demandas educacionais e sociais para um ambiente educacional inclusivo; 

c) garantia de que na formação inicial e continuada  esteja sempre presente, o que pressupõe a reestruturação dos aspectos constitutivos da formação dos professores, dos gestores e do Quadro de Apoio, com vistas ao exercício profissional em respeito às diferenças e no reconhecimento da valorização da diversidade, tendo como compromisso o desenvolvimento e a aprendizagem de todos os alunos, por meio de um currículo que favoreça e estimule as transformações das práticas pedagógicas das escolas e o  atendimento às necessidades dos estudantes durante o percurso; 

d) ampliação do número de aparelhos de cultura e lazer nos bairros periféricos, com bibliotecas, teatros, música, Centro Desportivo Comunitário (CDC), casas de cultura e outros;

e) divulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) nas escolas municipais, como forma de garantir a construção da cidadania das crianças, dos jovens e dos adolescentes por meio da vivência de seus direitos e da conscientização coletiva da importância da prática dos deveres, contidos nas normas disciplinares, construídas nas escolas municipais;

f) criação de programas e projetos de segurança para as escolas e implementação de políticas de inclusão social (esportes, cultura, lazer e outros) que visem ao combate à violência, prioritariamente nos bairros com maior índice de violência e tráfico de drogas; 

g) implementação de política municipal que garanta o respeito aos direitos humanos, minimamente compreendidos por:

g.1 - garantia, pelo poder público, da universalidade dos direitos, superando as desigualdades sociais, de cor e de gênero, orientação sexual, origem étnica e religião. 

g.2 - promoção e participação em campanhas pela paz, pelo respeito ao ambiente e à dignidade humana e pela erradicação da pobreza; 

g.3 - afastamento e proteção imediata aos profissionais de educação sob o risco de morte ou agressão nas escolas, sem perda de direitos; 

g.4 - criação de um núcleo, pela SME, para discutir a violência e ações para enfrentá-la no ambiente escolar; 

h) pelo direito dos professores de Arte e de Educação Física comporem um terço da jornada dirigida aos educandos com projetos, oficinas, campeonatos e atividades afins;

i) realização de campanha em defesa da vida e combate à violência na escola e na sociedade;

j) a SME deve enfrentar a problemática de violência nas escolas com ações práticas, intersetoriais e com recursos materiais, humanos e atendimento especializado aos profissionais, estudantes e suas famílias; 

k) criação de projetos intersetoriais que visem ao atendimento pleno dos estudantes; 

l) cumprimento da Lei nº 17.437/2020, que determina a criação de programa de atendimento à saúde física e mental dos profissionais e estudantes da rede municipal de ensino; 

m) incentivo ao fortalecimento dos colegiados; 

n) estatísticas da escalada da violência nas escolas por parte da SME, para subsidiar ações que visem ao combatê-la; 

o) fortalecimento das comissões de mediação de conflitos nas unidades, com apoio das DREs e da SME;

p) formação contínua para os membros das comissões de mediação de conflitos; 

q) reuniões nos territórios e com a participação das DREs para discussão e planejamento de ações de combate à violência;

r) realização de campanha, por parte da SME, contra a violência sofrida por bebês, crianças e jovens, tendo em vista a necessidade de institucionalizar ações responsabilizando o Estado e a sociedade civil e defesa dos menores. 


A DIRETORIA

CLAUDIO FONSECA
Presidente
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