20/08/2010 - CLIPPING EDUCACIONAL

 

O ESTADO DE SÃO PAULO - 20/08/2010
O inchaço do currículo escolar

Introduzidas no currículo do ensino médio para afirmar teses "politicamente corretas" ou em resposta a pressões ideológicas e corporativas, disciplinas como cultura indígena e cultura afro-brasileira estão agravando as distorções do sistema educacional brasileiro. Não bastasse a dificuldade que já enfrentam para ensinar aos alunos as disciplinas básicas, como português, matemática e ciências, ao serem obrigados a lecionar disciplinas criadas com o objetivo de resgatar a "dívida histórica com a escravidão" e a "dívida social com os povos da floresta", muitos professores acabam perdendo o controle dos seus cursos, transformando-os em verdadeiros pastiches de informações ideologicamente enviesadas.

Só nos últimos três anos, emendas aprovadas pelo Congresso incluíram seis novas disciplinas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Além de cultura afro-brasileira e cultura indígena, a rede escolar de ensino básico também tem de oferecer as disciplinas filosofia, sociologia, meio ambiente, regras de trânsito e direitos das crianças e dos idosos. Tramitam ainda no Congresso centenas de projetos propondo a criação de mais "conteúdos" como esses. No levantamento que fez para sua tese de doutorado, a professora Fátima Oliveira, da Universidade Federal de Minas Gerais, constatou que só a Câmara dos Deputados recebeu 545 propostas desse tipo, entre 1995 e 2003. O inchaço do currículo acarreta graves problemas. Compromete a adoção de novos projetos pedagógicos, obriga os professores a reduzir a carga horária das disciplinas básicas, para lecionar as novas matérias, e acarreta desperdício de recursos, pois as escolas têm de produzir material didático. Esses problemas tendem a perpetuar a má qualidade da educação básica, como deixa claro o desempenho dos estudantes brasileiros nas provas e testes internacionais de avaliação de conhecimento. Com uma alfabetização e uma formação deficientes, eles estão sempre nas últimas colocações. Políticos, movimentos sociais e entidades engajadas defendem a introdução das novas disciplinas alegando que elas promovem a inclusão social. Segundo eles, a "escolarização" de temas sociais abriria caminho para a justiça social. Os especialistas discordam. "A escola tem de dar os fundamentos para que o aluno faça sua leitura do mundo. Não é a oferta de disciplina sobre drogas que vai garantir que o jovem se afaste do vício", diz a presidente do Conselho Nacional de Secretários da Educação, Yvelise Arcoverde.


No mesmo sentido, não são disciplinas como cultura afro-brasileira e cultura indígena que vão reduzir as disparidades de renda. Como tem sido evidenciado pelas recentes e bem-sucedidas experiências de países como a Coreia do Sul e a Índia, só a formação básica de qualidade garante a redução da pobreza e assegura o capital humano necessário a uma economia capaz de ocupar espaços cada vez maiores no mercado mundial. "Cada vez mais se está entulhando coisas nos currículos, por meio de emendas na LDB", afirma a pesquisadora Paula Lozano, da Fundação Lemann. "São tantas emendas que se torna impossível montar um currículo", argumenta Mauro Aguiar, do Colégio Bandeirantes.


Em vez de ser objeto de decisão legislativa, a organização do currículo escolar deveria ficar a cargo de órgãos técnicos e as redes escolares deveriam ter autonomia para definir os conteúdos pedagógicos que consideram necessários à formação de seus alunos. Defendendo essa tese e se empenhando para evitar o desfiguramento do ensino básico, alguns colégios particulares decidiram fazer lobby para desbastar os currículos. A ideia é que as novas disciplinas sejam lecionadas como parte das disciplinas básicas, sem necessidade de aulas exclusivas para os chamados temas sociais. A iniciativa parece estar dando certo. Em São Paulo, por exemplo, o Conselho Estadual de Educação acaba de emitir um parecer permitindo que os conteúdos de filosofia e sociologia sejam dados dentro de outras disciplinas - como história. É um exemplo a ser seguido pelos outros Estados.

PORTAL UOL EDUCAÇÃO - 20/08/2010
Fidel chama educação nos EUA de "deformada" e "prostituída"

O ex-presidente de Cuba Fidel Castro qualificou na quinta-feira (19) de "deformada" e "prostituída" a educação nos Estados Unidos, em um novo artigo de sua série "Reflexões" divulgado nesta quinta-feira no site oficial "Cubadebate". Fidel faz eco a um estudo publicado pela Universidade de Beloit (Wisconsin, EUA), que afirma, entre outras considerações, que os jovens que devem se formar em universidades americanas em 2014 não usam relógio porque consultam a hora em seus telefones celulares, acham que Beethoven é um cachorro e Miguel Ángel um vírus de computador. "Dá um frio na barriga quando se vê até que ponto a educação pode ser deformada e prostituída, em um país que conta com mais de 8 mil armas nucleares e os mais poderosos meios de guerra no mundo", assinala o líder cubano em sua nova coluna intitulada "Por acaso exagero?". "E pensar que ainda há pessoas capazes de dizer que minhas advertências são exageradas!", acrescenta Fidel, que completou 84 anos no dia 13 de agosto.

O comandante reapareceu na cena pública no princípio de julho após quatro anos convalescente pela doença que em 2006 o obrigou a delegar a Presidência de Cuba a seu irmão Raúl, que foi ratificado no cargo em fevereiro de 2008. Desde seu retorno, o tema recorrente de suas aparições públicas, intervenções e colunas foi advertir da iminência de uma guerra nuclear derivada de um eventual ataque dos Estados Unidos ao Irã. Fidel também propôs uma espécie de mobilização internacional para tentar convencer o presidente americano, Barack Obama, a não entrar em guerra com o Irã e evitar assim uma hecatombe atômica que, na sua opinião, ameaça o planeta. Apesar de ter deixado a presidência, o líder continua sendo o primeiro-secretário do governante Partido Comunista de Cuba.



FOLHA DE SÃO PAULO - 19/08/2010
Educação e reformas são temas centrais

Assuntos que têm pautado a campanha, como política externa e segurança pública, ficaram de fora das questões. Marina e Dilma fizeram dobradinha ao defender a convocação de uma Constituinte só para votar reforma política
 

DE SÃO PAULO

Num debate marcado pela troca de farpas e pela polarização entre PT e PSDB, educação e reforma política foram os temas programáticos mais tratados pelos candidatos nos blocos em que trocaram perguntas entre si. Temas que têm pautado a campanha, como segurança pública, política externa e programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família, foram ignorados pelos candidatos à Presidência. Marina Silva (PV) usou uma pergunta de José Serra (PSDB) sobre o ensino técnico para criticar a qualidade das escolas paulistas: "Infelizmente, mesmo com 20 anos de governo do PSDB, temos graves problemas", disse, aumentando o período correto em quatro anos.


O tucano defendeu a rede estadual e repetiu a promessa de abrir um milhão de vagas no ensino profissionalizante até 2014: "Isso oferece futuro para os jovens e crescimento para a economia". Dilma Rousseff (PT) elogiou o ProUni, que facilita o acesso de estudantes pobres à universidade, para acusar o DEM de tentar extingui-lo no STF (Supremo Tribunal Federal). Serra negou, alegando que a ação do partido aliado questionava apenas uma parte do programa. O candidato do PSDB, por sua vez, questionou a petista sobre o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para criticar o vazamento das provas, em 2009. Segundo ele, o caso "desmoralizou" o teste.

CONSTITUINTE - Marina e Dilma fizeram dobradinha ao defender a convocação de uma Constituinte exclusiva para votar a reforma política. Elas elogiaram a promessa do presidente Lula de se dedicar ao assunto após deixar o poder, em janeiro. A senadora chegou a propor que o presidente trabalhasse em conjunto com o antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso. Dilma não comentou a ideia. Em outro embate com a petista, Serra criticou o aumento da carga tributária e prometeu, se eleito, baixar impostos sobre a cadeia produtiva e o setor elétrico. Dilma o acusou de usar números defasados e disse que a gestão tucana não investiu em saneamento. Com o clima quente, os presidenciáveis não se lembraram de apresentar ideias para combater a violência e o narcotráfico. Também ficaram de fora polêmicas envolvendo o Bolsa Família, as relações do governo com o Irã e a suposta ligação do PT com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), sustentada por Serra. 

 

FOLHA DIRIGIDA - 19/08/2010 - RIO DE JANEIRO (RJ)
Gestão estratégica e fundamental 

Administrar uma escola implica em lidar com uma série de variáveis, entre as quais estão as condições de infraestrutura física, a motivação dos profissionais, a interferência ou participação dos pais, o comportamento dos alunos. A forma como o diretor ou gestor lida com estes e outros fatores tem impacto decisivo no sucesso escolar e, até por isto, tem sido, de forma cada vez mais frequente, foco de estudos e pesquisas como a da professora Débora Dias Gomes, que, este ano, lançou o livro MBA Educação - Gestão Estratégica na Escola que Aprende. A obra tem como proposta apresentar práticas que podem aperfeiçoar a gestão administrativa e pedagógica de instituições de ensino. Nesta entrevista, ela não só fala destas estratégias como, explica até que ponto administrar uma escola pode se aproximar do gerenciamento de uma empresa, analisa os desafios da gestão em escolas públicas e privadas e, ainda, salienta as limitações das avaliações de desempenho existentes. "O excesso de provas externas e todos os rituais que as acompanham, como revisões, treinos e simulados podem transformar as salas de aulas em meros ´cursos preparatórios´ para as avaliações externas", diz Débora Dias, que também é diretora da Esil Educacional e de cursos de MBA da DDG Consultoria, além de pedagoga e mestre em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ. 

FOLHA DIRIGIDA - Gerenciar uma escola é como administrar uma empresa?
Débora Dias Gomes - Não, se pensarmos em ações estratégicas, mas sim, se pensarmos na aplicação dos princípios de gestão. O que posso afirmar é que os princípios e fundamentos da Administração são os mesmos para qualquer atividade, inclusive e principalmente, uma instituição de ensino. No entanto precisaremos pensar sobre o que é administrar. Esta é uma área do conhecimento que tem sofrido muitas alterações ao longo dos tempos. A administração tornou-se a principal função social que uma organização precisa assumir. Quando ouvimos a expressão "administração de empresas", devemos recordar que é pelo simples fato de que a Administração emergiu pela primeira vez em empresas não-educacionais de grande porte e muito mais ligadas as questões industriais. Mas o tempo mostrou que a administração é necessária em qualquer instância que necessite de planejamento e implementação de ações de melhorias. Então o primeiro passo é nivelar a nossa percepção sobre o conceito dessa ciência. Certa ocasião, fui convidada para fechar a "semana do administrador" em uma universidade do Rio. Então iniciei a minha palestra perguntando para a plateia de jovens e futuros administradores, o que seria administrar para eles. - Um estudante gritou lá do final do auditório: "É liderar!". Mais à frente, um jovem disse com muito entusiasmo: "Administrar é ter uma missão, planejar, organizar, controlar e assinar embaixo". Aquele jovem me fez refletir sobre o quanto é difícil administrar assinando em baixo, ou seja, assumindo responsabilidade pelos êxitos e fracassos de uma decisão. Esse é o maior desafio da gestão - a tomada de decisão. Elas trazem riscos, pois existem variáveis incontroláveis. É importante lembrar que as decisões consistem em vantagens e desvantagens. Estamos sempre no campo das incertezas. Será preciso em cada processo decisório identificar as desvantagens para neutralizá-las e as vantagens para potencializá-las. E isso não é fácil para nenhum gestor. Mas tomar decisão é pré-requisito para uma escola de qualidade.


Quais as principais diferenças e semelhanças?

Se pensarmos nas semelhanças entre a gestão de uma escola ou de qualquer outra empresa, concluiremos que, qualquer tipo de organização precisa planejar e executar o que foi planejado por meio de pessoas preparadas. Como também acompanhar a execução desenvolvendo a "cultura de dados" e registros confiáveis, que, se bem organizados, tornam-se base de dados (e não um "bando de dados") para decisões importantes visando o futuro da organização. De posse da base de dados, checar, ou seja, analisar os dados e fatos registrados, refletindo sobre os resultados obtidos nesse processo de avaliação institucional. A partir dessa análise, partir para a última etapa do ciclo constante da administração que é a ação. Colocar a organização em constante processo de melhorias e inovações. Isso é qualidade. Enfim, os esforços administrativos são os mesmos: planejar, desenvolver, controlar e agir. Trata-se de verbos de ação que fazem a dinâmica das organizações. Mas a principal diferença sempre estará no "o que" constará num planejamento para se colocar em prática. A essência de cada atividade é que precisa ser respeitada na hora de elaborar o seu Plano de Desenvolvimento Escolar – PDE. Um planejamento não deve ser elaborado para uma instituição e sim pela própria comunidade envolvida, respeitando a cultura, o cenário, a realidade de cada uma. É exatamente por isso que o que precede qualquer planejamento é o diagnóstico. Devemos começar qualquer tipo de posicionamento estratégico a partir da avaliação das variáveis do cenário externo e interno de cada instituição. Administração é uma função genérica para qualquer tipo de atividade, independente de sua missão específica. Podemos aplicar os mesmos princípios e conceitos de gestão, numa vida, uma carreira, uma igreja, um clube, uma família, uma comunidade, um açougue, uma farmácia, uma creche ou uma universidade.


Os mesmos princípios de gestão podem se aplicados na rede pública e na rede privada?

Repito, os princípios e fundamentos são os mesmos, no entanto, os desafios da gestão escolar são diferentes nos dois setores. Tanto a rede pública como a rede privada sofrem interferências das variáveis do ambiente externo. Porém ambas fazem parte do Sistema Educacional Brasileiro. Os aspectos políticos, legais, econômicos, sociais, culturais, demográficos e tecnológicos, geram oportunidades e ameaças para a escola pública e privada. Como também, as variáveis internas do tipo: estrutura, orçamento, pessoas, relacionamento com a comunidade, comunicação interna, entre outras, resultam em forças ou fraquezas. Tudo isso precisa ser analisado nos dois setores.


Quais os principais desafios na rede privada?

Muitos vêem como uma vantagem da gestão da escola particular a suposta autonomia na tomada de decisão quanto aos seus modelos de gestão e o cotidiano. O que não significa que tenha qualidade em suas estratégias gerenciais ou tomem as melhores decisões. Estamos falando de algo complexo e sistêmico. A rede privada enfrenta, nesse momento, grandes desafios para a sustentabilidade de suas diversificadas realidades. As escolas de pequeno porte estão sendo esmagadas pela crise econômica, crise de valores, ausência de políticas públicas, altos impostos e a triste questão da inadimplência. As grandes escolas também são impactadas por tais fatores, no entanto, possuem maiores recursos para a sobrevivência. Não basta ter um projeto pedagógico de qualidade, será preciso diversificar as atividades, otimizar suas estruturas, capacitar e mobilizar as suas pessoas para mudanças visando superar a crise. Só não pode deixar a crise virar um drama. Quando tudo vira drama é porque o sonho acabou. A crise pode ser interpretada como ameaça ou oportunidade. O desafio é vencê-la com criatividade gerencial.


E na rede pública?

A rede pública enfrenta outros tipos de crises e tensões: a crise de identidade, a crise social, os valores invertidos, mas principalmente a crise política, visto que no Brasil, ainda perdemos muito tempo com recomeços. É muito comum um novo governo descontinuar o que foi feito numa gestão anterior caso ela não tenha sido do mesmo partido. Então os sistemas de ensino são disputados por propostas políticas com diferentes concepções de educação. Embora tenhamos parâmetros curriculares nacionais e uma LDB que nos direcione para uma pedagogia progressista, muitos municípios e estados rompem e com esse valor e decidem por uma prática conteudista. Nesse cenário os gestores, professores e funcionários das escolas públicas estão sempre em mudança de rota. Precisam de muita resiliência para adaptarem-se aos novos padrões gerenciais de cada período político, negando, muitas vezes as suas próprias concepções científicas sobre aprendizagem e sucesso escolar. Isso tudo é no mínimo, questionável. Penso que um modelo de gestão pela qualidade na educação precisa buscar o aprimoramento contínuo e as inovações administrativas e pedagógicas. Ambos são frutos de ciclos de aprendizagem institucional e não rupturas constantes. Tivemos grandes avanços no acesso à escola pública. Não faltam escolas, mas no momento em que o acesso é ampliado, aumentam os obstáculos gerenciais e corremos o risco de perder o foco do que é essencial na educação: o direito do aluno aprender a aprender.


Qual o impacto da gestão para o sucesso escolar?

O sucesso escolar depende do quanto a gestão educacional será capaz de garantir um processo educativo coerente com o mundo em mudanças. A escola precisa construir coletivamente um Projeto Pedagógico que saiba trabalhar com as diferenças e que garanta a aprendizagem significativa de seus alunos. Enfim, um Ensino por Competências numa Pedagogia Diferenciada. É difícil prever em detalhes o mundo que está emergindo. Mas acredito que podemos desenvolver em cada um de nossos alunos o estar preparado para mudanças sempre. Assim estarão aptos para captar com alto grau de probabilidade quais as novas questões que surgirão. Da mesma forma que exercitaremos as possibilidades de desenhar a escola do futuro, eles desenharão suas possibilidades futuras. Assim, o primeiro desafio gerencial deverá ser o posicionamento filosófico da escola. Ela deve se perguntar: Que tipo de ser humano sairá do nosso laboratório de aprendizagem?


Além disto, o que mais é necessário?

Por mais que a escola tenha desenhado um lindo perfil de aluno, ela deverá pensar como desenvolvê-lo em sala de aula. Nesse momento ela terá que estudar e decidir por uma base epistemológica. Qual será a sua concepção sobre a construção do conhecimento humano? Como ele aprende? O que os neurocientistas nos apresentam? Não basta entendermos o que o aluno tem que aprender. É preciso saber como ele aprende. A Didática centrada nos processos de pensamento garante uma prática docente que combina a apresentação dos conteúdos curriculares com a construção do conhecimento por meio da interação entre docente, discente e conteúdos. A partir desse posicionamento científico, a escola precisa organizar o seu espaço didático-pedagógico. O sucesso escolar depende da Gestão da Qualidade na organização do tempo e espaço do seu cotidiano para atender os posicionamentos acima. Depende da capacidade gerencial de utilizar coordenadamente os recursos e tecnologia existentes, ter um olhar estratégico para a gestão de pessoas, organizar os métodos, processos e procedimentos. Tudo isso, por meio de um efetivo ambiente de aprendizagem individual, coletiva e institucional. A Gestão é o processo de organizar a atividade meio (administrativa) para apoiar a atividade fim (pedagógica) e manter-se conectada com o futuro. Esse é o nosso desafio: transformar o fracasso escolar em sucesso escolar a partir do direito de todos à uma aprendizagem significativa em nossas salas de aulas. Esse é um compromisso social que precisa ser assumido por qualquer modelo de gestão educacional.


Em seu livro MBA Educação-Gestão Estratégica na Escola que Aprende, a senhora apresenta práticas de excelência de gestão administrativa e pedagógica que podem ser adotadas por escolas de qualquer tipo e tamanho. Quais as principais?

O meu livro é uma compilação de estudos e pesquisas que realizei entre 1993 e 2000 e que sofreu uma releitura entre 2005 a 2009. Tive necessidade de compartilhar com outros gestores educacionais, um exercício pessoal de compreensão dos principais focos de gestão que uma escola precisa ter. Busquei responder as seguintes perguntas: Como administrar a escola em tempos de mudanças? Quais são as funções da gestão educacional? O que significa gerenciar estrategicamente uma escola? Como implementar uma Escola que Aprende? O resultado das pesquisas na busca de respostas estão organizados em 10 capítulos, é como se fossem fascículos de uma coleção com o tema central na Gestão Estratégica para as instituições de ensino.


A senhora poderia citar algumas das práticas de excelência na gestão que trabalha em seu livro?

Ao longo do livro eu apresento o que considero práticas de excelência na gestão pela qualidade na educação. São elas: gerenciar mudanças com o foco na globalização, no empoderamento (Gestão participativa) e na otimização de tempo e recursos visando garantir a função social da escola; identificar a visão de futuro da escola a partir do mapeamento de tendências geradas por macrovariáveis que trazem cenários futuros e perceber os seus impactos na educação; compreender o aluno como a razão de existir da escola, criando estratégias de relacionamento e comunicação para entender e atender as suas necessidades, expectativas e desejos; planejar e implementar um sistema de avaliação institucional visando um olhar sistêmico, mapeando todos os elementos que fazem parte do ambiente externo e interno para medir o desempenho da escola nas dimensões organizacionais, dos processos administrativos e pedagógicos e do desempenho das pessoas; desenvolver o posicionamento estratégico por meio de um Plano de Desenvolvimento da Escola, utilizando a metodologia de planejamento estratégico; Elaborar uma política interna de Gestão de Pessoas cuidando da motivação, da educação continuada e do ambiente de trabalho para obtenção da gestão participativa num clima de bem estar e satisfação pessoal; Cuidar da cultura corporativa por meio de um ambiente de aprendizagem institucional, fazendo, assim a Escola que Aprende.


As avaliações externas como Enem e Provinha Brasil são eficientes para aferir a qualidade da escola e da aprendizagem dos alunos? Por quê?

Não creio nisso. As avaliações externas sozinhas não são suficientes para aferir nem a qualidade da escola e nem o índice real da aprendizagem dos alunos. Há que se ter um sistema integrado de gestão da avaliação educacional contemplando resultados de mais duas dimensões. Uma delas é a das avaliações institucionais, que proporcionam constante monitoramento interno dos critérios e requisitos de gestão que mede da sala de aula aos grandes esforços gerenciais, mede a qualidade da gestão pedagógica e institucional. Trata-se de um diagnóstico situacional. (Abordo esse tema no capítulo 6 do livro). A outra dimensão é a das avaliações de aprendizagem, que permitem acompanhar o desempenho dos alunos por meio do sistema de avaliação formativa, com múltiplos instrumentos e avaliadores, com um olhar interdisciplinar e foco em competências e habilidades nas múltiplas inteligências. Não basta apenas a análise de dados do desempenho dos alunos nos conteúdos de português e matemática e dados dos professores coletados em questionários.

Qual
é o papel das avaliações padronizadas de larga escala?

Luiz Carlos de Freitas, no livro: Avaliação Educacional – Caminhando pela contramão, afirma que a avaliação externa ou de larga escala "é um instrumento de acompanhamento global das redes de ensino com o objetivo de traçar séries históricas do desempenho dos sistemas, que permitam verificar tendências ao longo do tempo, com a finalidade de reorientar políticas públicas". Penso que para que esse objetivo seja alcançado, ainda precisamos caminhar muitas milhas. Como também precisamos entender que esse não pode ser o único foco de avaliação da aprendizagem dos alunos. Costumo pensar que "quando toda ferramenta que temos é um martelo, todo problema vira prego". Enfim, não podemos utilizar apenas uma ferramenta de medição.


Qual a utilidade destas avaliações?

Avaliações padronizadas dão uma fotografia instantânea do desempenho. Elas são úteis como informação parcial, por isso não devem ser usadas para recompensas e punições ou julgamentos precipitados. A mídia tem nos mostrado que a avaliação externa, em suas múltiplas dimensões, tem ocupado um grande espaço de discussão internacional (com o Pisa), nacional (com o Saeb, Prova Brasil, Enem), e ainda, algumas regionais como o Ide-Rio, por exemplo. Por sua vez, a comunidade científica discute as diferentes possibilidades de transformar esse movimento em algo realmente efetivo para a melhoria da qualidade da escola impedindo que se caracterize pelo ranqueamento entre escolas ou pela "caça aos culpados". Nos últimos dias, li uma notícia que me impactou muito. Trata-se da fala de Diane Ravitch (Secretária-adjunta de Educação e conselheira do secretário de Educação na administração de George Bush, e foi indicada pelo ex-presidente Bill Clinton para assumir o National Assessment Governing Board, instituto responsável pelos testes federais. Ajudou a implementar os programas No Child Left Behind e Accountability, que tinham como proposta usar práticas corporativas, baseadas em medição e mérito, para melhorar a educação). A frase é a seguinte: "Nota mais alta não é educação melhor". Ao ser perguntada sobre o porquê de seu novo posicionamento quanto a reforma educacional americana, que serviu de inspiração para outros países, inclusive o Brasil, ela afirmou que o erro foi que, aquele sistema, acabou formando apenas "alunos treinados para fazer provas".


Existe o risco de acontecer isto no Brasil?

O excesso de provas externas e todos os rituais que as acompanham, como revisões, treinos e simulados podem transformar as salas de aulas em meros "cursos preparatórios" para as avaliações externas, e essa não é a função social da escola. Precisamos avançar nesse debate, lembrar que o objetivo deve ser sempre melhorar a educação e não simplesmente aumentar as pontuações em cada aplicação das provas. Precisaremos de um futuro com jovens cidadãos que estudaram história, ciência, geografia, literatura, artes, música, idiomas, educação física, ética, além de matemática e língua portuguesa. Eu me pergunto onde fica a inclusão escolar nisso tudo. Para ter uma boa educação, precisamos saber o que é uma boa educação. E é muito mais que saber fazer uma prova. Precisamos nos preocupar com as necessidades dos estudantes, para que eles aprendam de forma significativa respeitando as diferenças de cada um.


Hoje em dia, qual o perfil, em linhas gerais, do diretor de escola? Este perfil está atrasado no tempo?

A primeira questão é identificar o que um diretor de uma instituição de ensino faz? Na verdade, são pessoas com a responsabilidade de orientar o trabalho de outros e "cujo trabalho" é fazer com que outros trabalhem com excelência na organização do espaço e do tempo do cotidiano escolar. É Guardião dos valores e princípios da organização e das políticas que deles decorrem, atualizando-se com relação aos mesmos, estudando-os de forma a entendê-los perfeitamente e explicando-os para sua equipe de trabalho, garantindo desempenhos e resultados coerentes com eles. Posso citar algumas características fundamentais para o perfil desse líder: Ensina o que é. É o que ensina. Enfim, serve de EXEMPLO. Gosta de aprender, aprende com o erro e ensina a prevenção dos mesmos. É servidor e gosta de gente. Tem seguidores. Tem visão sistêmica, visão de futuro. É estrategista. Tem persistência e constância de propósito.


Que tipo de habilidades e conhecimentos faltam aos diretores de escolas, tanto no setor público como no privado?

Na verdade, já encontramos diretores tanto no setor pú blico como no privado com conhecimentos em gestão e exercendo um padrão de liderança ético e eficaz. Mas o contrário também existe. Posso citar algumas habilidades que considero essenciais para um diretor efetivo: PLANEJAMENTO - Gestor que investe em planejamento evita ser escravo da burocracia e diminui os incêndios da rotina escolar. O gestor educacional precisa facilitar o processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Escolar-PDE e do Projeto Pedagógico de maneira participativa. ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO - Classificar as atividades, separando as que são fundamentais (e que só ele pode fazer) das que podem ser delegadas, é um caminho para ajudar a hierarquizar a agenda. DESENVOLVER PESSOAS - Dirigindo, orientando, apoiando, avaliando o desempenho delas, dando feedbacks, sugerindo alternativas de cursos, leituras, propiciando desafios no trabalho que exijam desenvolvimento de conhecimentos e habilidades, visando atingir os objetivos da organização e o crescimento/satisfação pessoal/profissional de sua equipe de trabalho. AGENTE DE MUDANÇAS - Acelerando processos de mudanças planejadas, através de ações que propiciem a implementação de novos sistemas/processos/procedimentos e nas que lhe são correlatas e entendendo a mudança como oportunidade e não como ameaça. COMUNICAÇÃO EFETIVA - Passando informações institucionais para a equipe desenvolver visão sistêmica, relacionando-se com a comunidade e os pais, cuidando para que as informações permitam fluidez nos processos inter-áreas, fazendo com que fluam sem ruídos. Incentivando a comunicação direta e informal e a troca de experiência em sua equipe. Fala com as pessoas e não das pessoas. NEGOCIADOR - Buscando soluções alternativas, tomando decisões onde sejam satisfeitos interesses das partes e do todo, nivelando percepções e promovendo o consenso.


Muito também se fala da importância da participação dos profissionais no processo de gestão. Mas, este tipo de participação realmente funciona? Até onde pode ir esta abertura de espaço?

Onde existe um problema existe um potencial de melhoria. E esse potencial está nas pessoas. Toda solução está perto da ação. A cultura da participação alavanca o sucesso e a velocidade na resolução de problemas. Quem vive o problema precisa participar da solução. Na verdade, quem é parte do problema precisa fazer parte da solução. Aliás, isso me faz lembrar o significado da própria palavra ADMINISTRAÇÃO. AD = Adição + MINISTR = MINISTRO (que por sua vez significa servir), o líder servidor + AÇÃO. A palavra em si já carrega o sentido da participação. Todos que fazem parte da escola devem comprometer-se com os resultados do aprendizado do aluno e os resultados institucionais. Há que se ter compromisso pessoal com o trabalho coletivo. As pessoas devem trabalhar de forma coletiva para explicitar e definir, de modo consensual, os valores, objetivos, prioridades, e a realidade em questão. Não é uma questão de abertura e sim de tornar ágil e eficiente o trabalho escolar. É também uma questão legal. A Lei de Diretrizes e Bases da educação – LDB determina que a construção do Projeto Pedagógico Institucional seja participativo e democrático. Não é fácil mobilizar as pessoas para a participação nas mudanças e melhorias. Mudança gera problemas e nem sempre as pessoas querem vivenciar os incêndios. Aliás eu já ouvi que num incêndio "é melhor ter ausência de corpo do que presença de espírito". Então precisaremos tirar as pessoas da zona de conforto . É preciso participar para compreender o sentido das coisas. Como um verdadeiro bombeiro, enfrentar os problemas com presença de espírito. A participação é um exercício de cidadania. Precisamos definir as representatividades do sistema escolar, ouvi-los e fazer com que participem da identificação, da análise e das soluções de problemas. Escola boa não se faz por decreto, mas pela vontade coletiva de seus atores. A Qualidade da escola não deve ser somente assunto de governo, mas de todos. O governo pode decidir se equação do segundo grau entra no currículo ou se Camões sai. Mas o governo não pode criar escolas boas sem a participação da comunidade local.


A motivação é fundamental para o bom trabalho na escola. Porém, são constantes as reclamações de professores e profissionais com relação a salários e condições de trabalho, problemas que, muitas vezes, o diretor não tem como resolver. Como administrar isto?

Somente salário e condições de trabalho não garantem compromisso social por parte dos atores da escola. Infelizmente, encontramos dentro de nossas organizações, pelo menos uma pessoa muito engajada no processo de sofrer e enlouquecer vagarosamente. Sucesso tem que puxar sucesso! Infelizmente, o mau humor é contagiante. Há que se ter estratégia para cuidar da alma da escola e gerar o bom-humor. Eu me pergunto: Quanto custa um professor desmotivado? O testemunho de vida, a maneira de ser, de falar, de se relacionar com os outros, de passar o sentimento sobre o significado do trabalho. Creio que, o nível de motivação para o trabalho é que rege o produto final da comunicação entre professor e aluno. O aluno aprende o que o professor é. Nossos filhos e alunos absorvem lenta e cumulativamente o nosso exemplo. Especialistas afirmam que o mais persuasivo ensino moral que os adultos podem dar é pelo exemplo. O pensador Ralph Waldo Emerson, há 150 anos, em seu ensaio "American Scholar", afirmou que "o caráter é superior ao intelecto". Dizia ele já naquela época que uma ética deveria ser estabelecida. A verdade vale muito mais do que qualquer mentira bem elaborada. O ambiente de trabalho e estudo precisa refletir a atmosfera que desejamos criar. Trata-se de uma simples escolha. As pessoas devem encarar o trabalho como sofrimento ou como realização pessoal? Esse é o desafio: dignificar o conceito de trabalho. É possível construir ambientes de trabalho dignos da fabulosa complexidade humana. A sociedade do conhecimento nos conclama, como líderes educacionais, a desvendarmos os mistérios cerebrais e emocionais do ser humano. Estamos falando de estabelecer em nossas instituições um "novo conceito de trabalho". Uma cultura corporativa onde a Política de Gestão de Pessoas não seja mero documento administrativo e burocrático. O fator humano precisa ser meta estratégica nas Instituições de Ensino. Eu não estou falando em construir ambientes paternalistas. Uma escola boa para se trabalhar tem como principais características um ambiente transparente e humano. Um lugar onde todos os problemas são problemas de todos e todos assumem o compromisso com os resultados em todos os níveis.


Como é possível inovar na gestão escolar?

Inovação depende do quanto a escola está conectada com o futuro e com os avanços tecnológicos e científicos. A gestão escolar inovadora será aquela que conseguir enxergar aquilo que parece impossível para a maioria, acredita no que vê, rompe paradigmas com fé sincera e planejamento responsável. A verdade é que os incêndios do dia a dia nos impede de pensar o futuro. Precisamos forçar tal exercício, pois antecipar o futuro é uma necessidade humana. Peter Drucker dizia que "a melhor forma de prever o futuro é criá-lo". Penso que isso é que vai alavancar inovações administrativas e pedagógicas nas escolas. Mas a inovação depende de ideias, e elas estão na cabeça das pessoas. Por meio de boas ideias que melhoramos a nossa performance. Bastando para tal, "convocar vontades" nos protagonistas locais fazendo com que aprendam a pedagogia dos sonhos. Para onde ir? Como estaremos em 2020? Como serão as crianças dessa década? Que estrutura a escola terá? Como será a sala de aula? E a minha profissão, qual será o perfil exigido? À medida que a ciência se move por meio de inventos tecnológicos e cada descoberta sugere um conjunto de passos subsequentes, o mundo vai tomando novos ritmos e rumos. Qualquer previsão sobre o futuro deve considerar a instabilidade gerada pela relação da humanidade com as inovações da ciência e da tecnologia. Então a grande inovação da escola precisa começar na sala de aula, no fazer pedagógico. Precisamos oferecer a uma sociedade baseada em conhecimento, um processo de aprendizagem que os transformem em trabalhadores intelectuais. Àqueles que farão futuro acontecer.



CORREIO BRAZILIENSE - 19/08/2010 - BRASÍLIA (DF)
Educação deve ser prioridade para próximo governo, propõe Conselho de Desenvolvimento 

Agência Brasil

São Paulo – O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) elegeu a educação como tema prioritário da agenda de desenvolvimento do país nos próximos anos. Membros do órgão reunidos nesta quinta-feira (19/8), na capital paulista, afirmaram que o investimento no ensino regular e profissionalizante deve ser prioridade durante o mandato do próximo presidente. A educação é destaque da Agenda para o Novo Ciclo de Desenvolvimento – documento elaborado pelo conselho para pautar as políticas públicas do governo federal. A agenda foi apresentada para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em junho e também servirá de recomendação para quem for eleito o próximo presidente da República.

O ministro da Relações Institucionais e secretário-executivo do CDES, Alexandre Padilha, afirmou que o investimento em educação é importante por ter caráter econômico e social. “É um investimento social porque promove cidadania e inclusão social. Também é econômico porque forma profissionais melhores.” Entre as medidas recomendadas pelo conselho, estão a reestruturação da carreira dos professores das escolas públicas, a implementação do ensino básico integral e até a criação de um fundo com recursos provenientes da exploração do petróleo do pré-sal para financiamento à educação.
Integrante do CDES, o vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), José Lopez Feijóo, defendeu também a melhoria dos equipamentos das escolas e um aumento progressivo do investimento voltado à educação. Para ele, independentemente do resultado das próximas eleições presidenciais, a melhoria da qualidade de ensino no país precisa ser promovida. Feijóo disse que, apesar do CDES ser um órgão criado pelo presidente Lula em 2003, ele é suprapartidário e tem representantes dos mais diversos setores. Por isso, assinalou Feijóo, as recomendações do conselho devem ser levadas em consideração qualquer que seja o chefe do Executivo. “O CDES é um espaço da democracia participativa.”



DIÁRIO CATARINENSE - 19/08/2010 - FLORIANÓPOLIS (SC)
Currículo inchado
Editorial

Ao mesmo tempo em que não consegue se firmar como de qualidade e em que cada vez mais alunos enfrentam dificuldades crônicas no aprendizado de português e matemática, o ensino básico vem sendo contemplado com um número cada vez maior de disciplinas, criando dificuldades adicionais para gestores e escolas. Por mais que os parlamentares tenham boas intenções com propostas de temas adicionais, essa não é uma questão para ser tratada meramente como matéria legislativa e tampouco os acréscimos deveriam ser feitos de forma isolada.

No curto espaço de 2007 até agora, foram incluídos, por emendas, nada menos do que seis novos conteúdos na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação. Há ainda leis específicas tratando da mesma questão, ao mesmo tempo em que tramitam no Congresso outras dezenas de projetos com novas inclusões. Os conteúdos adicionais representam um desafio para gestores, particularmente os de escolas públicas, que normalmente já se veem às voltas com questões como falta de professor e de material didático. Isso sem falar no problema constituído por alunos com dificuldade para aprender operações matemáticas elementares ou a interpretar um texto de conteúdo compatível com as suas idades.

A questão não é discutir se inovações como filosofia, sociologia, artes e música, além de temas como educação para o trânsito, direitos do idoso e meio ambiente são ou não relevantes. O problema ocorre quando esses conteúdos são incluídos de forma aleatória, na maioria das vezes pela pressão do corporativismo. Por mais que essas disciplinas sejam importantes, o fato é que acabam ocupando as atenções dos gestores de escola, que precisam despender ainda mais energia na contratação de professores ou em busca de material didático e mudança dos currículos. O ideal seria que o país se concentrasse no essencial nessa área e, a partir daí, pudesse se empenhar, de fato, em fazer o melhor para assegurar educação de qualidade para todos.

GAZETA DE ALAGOAS - 19/08/2010 - MACEIÓ (AL)
Educação é prioridade de todos
 


RICARDO PATAH

Conforme última Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, demonstrando que os gastos das famílias brasileiras com educação não ultrapassam 3% dos orçamentos familiares nos centros urbanos, e 1,3% nas zonas rurais, constata-se o vazio que as políticas públicas de todos os governos na área educacional, carrearam ao longo das últimas quatro décadas de nossa história. Em relação à Inclusão Escolar, a Educação Brasileira ainda não viu priorizada na mesma proporção, a tônica da qualidade do ensino e as competências de aplicação das metodologias político-pedagógicas. Ficamos à margem de muitos países que sempre entenderam o processo educacional como fonte prioritária de desenvolvimento. Uma breve análise dos dados contidos em pesquisa encomendada pela Unesco e divulgada pela BBC Brasil revela que o País tem uma relação deficitária de professores para alunos no ensino secundário, que é de 1 para 22, contra 1 para 10 da Itália e 1 para 14 dos Estados Unidos e do Canadá. Em relação à capacidade de formar ou atrair profissionais qualificados, da 23ª posição em 2007, o País deve cair para 25ª em 2012, em um ranking de 30 países.

Na América Latina, a Argentina e o México também foram escolhidos e ambos tiveram desempenho melhor que o brasileiro: a Argentina ficou na 17ª posição, enquanto o México, na 21ª. Em 2012, África do Sul e Egito, que hoje estão atrás do Brasil no ranking, devem ultrapassar o País. Os países foram medidos nos critérios: qualidade da educação obrigatória; das universidades de negócios; incentivos para jovens talentosos; mobilidade e abertura do mercado de trabalho; crescimento demográfico; propensão a atrair investimentos externos e novos talentos. A Educação no Brasil já atingiu o status de ponto de estrangulamento nas mesmas proporções que a inflação inviabilizava nossa economia. Os esforços para isso tornaram-se visíveis, com as deliberações da Conferência Nacional de Educação - Conae, na qual a União Geral dos Trabalhadores (UGT) esteve presente onde se pensou e se propôs encaminhamentos como política prioritária de Estado a serem aplicados nos próximos 10 anos.

As ações na Educação devem ser coordenadas entre Estado, sociedade civil e todos os atores envolvidos, incluindo-se a iniciativa privada, partidos políticos, centrais sindicais, sindicatos e associações de pais e mestres. Dentre todos os fatores importantes para se atingir o nível ideal de qualidade na Educação, está a necessidade de atualização do corpo docente brasileiro, principalmente nas séries iniciais e ensino médio, juntamente com a valorização destes profissionais tanto no que se refere à remuneração quanto a melhores condições de trabalho. Temos, mais do que nunca, de unir esforços conjuntos para a tomada de decisões urgentes, sérias e factíveis. De um lado, o Estado, de outro, a família brasileira e, por fim, as instituições de defesa dos interesses sociais, como o Ministério Público, ONGs e centrais sindicais.

GAZETA DE ALAGOAS - 19/08/2010 - MACEIÓ (AL)
Leitura para bebês


JOÃO ARAUJO E OLIVEIRA

Leitura para bebês faz sentido? As evidências dizem que sim. Ler para bebês deve se tornar um hábito da mesma maneira que ensinar a comer, dormir, tomar banho. Ajuda no desenvolvimento da linguagem e no futuro sucesso escolar. Mas como fazer isso, baseado em evidências? Os efeitos da leitura são duradouros. Estudos realizados na Inglaterra e Estados Unidos demonstram que crianças que se habituaram à leitura aos 3 anos, ouvindo histórias e manuseando os livros, aos 10 apresentam desempenho escolar superior àquelas que não viveram a mesma experiência. A linguagem é, de fato, indicador de êxito escolar. Estudos do Instituto Nacional para a Saúde e Desenvolvimento Infantil dos Estados Unidos (NICHD) podem prever o desempenho que uma criança do 5º. ano terá com base no seu vocabulário, na linguagem dela aos seis anos, quando ingressa na escola.

Outros estudos afirmam que a transmissão da pobreza se faz pela linguagem – Hart e Riley, pioneiros da década de 90, mostram que aos 30 meses de idade observa-se diferença superior a 300% no vocabulário infantil. Tais diferenças estão diretamente relacionadas aos níveis socioeconômico e educacional dos pais. Annette Lareau concluiu em seu livro Unequal Childhoods (Infâncias desiguais) que os resultados também decorrem da quantidade e da qualidade das interações entre pais e filhos. Se a transmissão da pobreza é associada à linguagem, esta é fruto da condição familiar. Entre 15 e 20 meses, as crianças começam a falar. Aos 20 meses, possuem vocabulário de 200 a 600 palavras e formam pequenas frases. Entre os 20 e 30 meses, esse vocabulário aumenta 50% e, quando chega o período escolar, está entre 3 e 10 mil palavras. A escola lidará, portanto, com desigualdades de base. O vocabulário é o tijolo do pensamento. A sintaxe é a argamassa. Quanto maior o vocabulário e mais articulada a sintaxe, melhor a construção. Como, porém, a linguagem se desenvolve? A linguagem se desenvolve pela interação entre adultos e crianças e o aprendizado se dá pela imitação. Quanto melhor o modelo, melhor a qualidade da linguagem. Cotidianamente se emprega a linguagem coloquial, apoiada em vocabulário restrito e sintaxe simplificada. Quando falamos, nos valemos de recursos não-verbais.

Como os livros ajudam? São a solução. Os gibis, por exemplo, tem vocabulário e sintaxe bem mais sofisticados do que a linguagem oral. A estrutura da linguagem escrita é a estrutura da linguagem que a escola utiliza. As evidências não param aí. Além de ler, é preciso dialogar, perguntar, estimular a resposta, relacionar o mundo da leitura com a leitura do mundo. E mais: o contexto de casa (da leitura na cama, durante as brincadeiras ou o banho) associa leitura e afeto, ler e gostar de ler. Que pais e cuidadores saibam que A Biblioteca do Bebê, será lançada na 21a. Bienal Internacional do Livro, de 12 a 22 de agosto, em São Paulo, com a presença de especialistas internacionais e o lançamento do Guia IAB de Leitura para a Primeira Infância: os 600 livros que devem ser lidos antes de se entrar para a escola.

REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA - EDIÇÃO 237
A educação, interatividade e inclusão no processo educativo: uma questão ética 


Nilton Bruno Tomelin

Conforme se pode perceber a Web apresenta variabilidade constante pelo fato de que ela também é fruto de um processo de construção científica permanente. Se houve mudanças históricas no perfil do usuário e de suas necessidades houve também uma mudança nas alternativas de contato entre o ser humano e mundo virtual. Estas mudanças necessitam encontrar uma certa sincronia entre usuário e ambiente virtual. Por esta razão a educação tem um papel preponderante na formação de um usuário crítico, seletivo e capaz de perceber a imparcialidade dos conteúdos apresentados pela INTERNET por exemplo. Se antes o mundo virtual era um espaço popularizado para o entretenimento hoje centraliza suas intervenções na vida humana especialmente na prestação de serviços, atividades laborais e outras essenciais à vida humana.

A Interatividade e o espaço escolar - Se analisarmos a interatividade possível pela relação entre o educando e o mundo virtual, pode-se perceber que há uma relação direta entre este fato e entretenimento. Relatos constantes de nossos educandos revelam sua constante navegação em páginas de relacionamento e de jogos. Para eles há um certo caráter lúdico no contexto da INTERNET. Esta ludicidade entretanto pode e deve ser aproveitada no espaço escolar para aproximar o educando das informações que amplamente discutidas e analisadas podem se converter em conhecimento, e numa visão dialética em saber. A relação pedagógica estabelecida entre os educandos e os ambientes virtuais tem demonstrado bons resultados. Além de facilitar o desenvolvimento de certas atividades, percebe-se uma atração pelo desenvolvimento de projetos que não poderiam ser desenvolvidos usando os recursos tradicionais de sala de aula. Um destes recursos é a pesquisa em bases confiáveis de informações. Devido a precariedade das bibliotecas da maioria das escolas públicas, seria muito difícil conseguir desenvolver atividades com informações atualizadas e confiáveis


Para isso é preciso estabelecer com os educandos critérios seletivos pautados em valores como ética e confiança em relação às informações e fontes de pesquisa disponíveis  nos ambientes virtuais. Para que as pesquisas possam ser feitas de forma segura é preciso então conhecimento e uma série de estratégias para definir os melhores caminhos a seguir. Em função do contato prévio da maioria dos educandos com os ambientes virtuais ter sido motivado por atividades ligadas ao entretenimento e a comunicação, há que se romper certos vícios, o que pode fazer com que o educando se sinta menos atraído por este veículo de comunicação. Trata-se de criar alguns hábitos para que se possa otimizar este espaço para fins educativos. A discussão ética em relação ao uso das mídias no processo educativo possui duas formas de expressão. A primeira refere-se à necessidade de que todos tenham acesso aos ambientes virtuais para que deles possam fazer uso. A universalização ao acesso, é uma premissa para que se possa estabelecer uma “pedagogia tecnológica” alicerçada em valores como agilidade, interatividade e mobilidade. Se o acesso for restrito a um determinado grupo humano (ou mesmo a uma maioria) não teremos o exercício de um direito, mas a consolidação de um privilégio. O privilégio será sempre uma forma explícita de exclusão, desigualdade de oportunidades e negação à cidadania plena.


A discussão ética é portanto de relevância pois trata da essência das preocupações relativas às mídias. Uma vez cumprida a primeira demanda, emerge o segundo aspecto, porém não menos relevante que o primeiro, a ser considerado. Percebe-se que é preciso induzir os educando a avaliar criticamente os conteúdos e informações presentes nos ambientes virtuais e interagir eticamente com eles. Trata-se de infundir uma nova cultura de acesso e uso destas informações. Inserir as mídias no espaço escolar é extremamente desafiador, gerando conflitos e construções dialéticas extremamente complexas, mudando opiniões, construindo novos saberes.


A necessidade de fazer da ética um valor presente na relação entre o ser humano e as mídias e as tecnologias de informação e comunicação é um tema a ser abordado não apenas do ponto de vista pedagógico. Há que se infundir nas pessoas a compreensão de que o  contato com informações e saberes novos gera nelas uma responsabilidade maior em relação a constante necessidade de promover transformações e geração de qualidade de vida. Trata-se de uma postura verdadeiramente solidária. A diferença entre o solidário e o mercenário não é o saber em si, mas a intenção de quem o detém no momento de utilizá-lo. Entretanto, não há softwares capazes de gerar crítica, conflito e dialeticidade suficiente para substituir o papel fundamental da escola no momento da relação entre ser humano e conhecimento. Cabe ao Estado oferecer condições físicas e materiais de acesso aos ambientes virtuais e aos educadores traçar coletivamente caminhos éticos para navegar por estes ambientes. O cumprimento destas funções garante que as mídias e as tecnologias de informação e comunicação tornem-se fator de inclusão e equidade social.


Conclusão - Numa realidade em que o contato entre os seres humanos e a informação ocorre de forma dialética, humana e ética as mídias convergem para a construção de sujeitos atentos as sucessivas tentativas de dominação e opressão. Nesta realidade os desafios são diferentes daquela em que por exemplo, o único espaço de contato entre o educando e ambiente virtual é a sala de informática da escola. Neste caso é preciso promover uma verdadeira alfabetização digital, através da qual o educando seja instigado a analisar de forma crítica e criteriosa, as informações que são lançadas sobre ele. O educador neste caso, deve assumir um papel ativo, demonstrando conhecimento e por isso autoridade, e não autoritarismo, para auxiliar o educando neste processo de alfabetização. A postura ética do educador é essencial para que este não transforme os educandos em alienados servis e incapazes de compreender o seu entorno contextual e histórico. Por fim é preciso discutir a função do Estado para garantir isonomia de acesso e igualdade de oportunidades a todos os cidadãos e cidadãs. Aos educadores e educadoras e às instituições de ensino públicas, cabe a exigência do estabelecimento de políticas públicas sérias, éticas e comprometidas com uma educação inclusiva e solidária.

O ESTADO DE SÃO PAULO - 18/08/2010
Secretaria de Educação adia programa que incentiva alunos com vale-brinde para 2011


Multiplicando Saber previa pagamento para alunos que fossem tutores de matemática e a estudantes que frequentassem aulas de reforço

Carolina Stanisci - Especial para o Estadão.edu

Um dia depois de anunciar o adiamento temporário do programa Multiplicando Saber, que começaria em 1º de setembro, a Secretaria de Estado de Educação divulgou nesta terça-feira nota em que prevê a implantação do projeto para o começo do ano letivo de 2011. A nota não confirma se será mantida a remuneração aos alunos que atuem como tutores e aos estudantes que frequentem aulas de reforço. A polêmica que motivou adiamento do programa estadual foi o fato de que seria dado a alunos dos 2º e 3º anos do ensino médio um vale-brinde de R$ 115, para que fossem tutores de matemática de outros estudantes. O Multiplicando Saber também previa o pagamento de R$ 50 a alunos de 6º e 7º ano do fundamental que participassem de sessões de estudo.

Segundo a nota, o adiamento ocorreu para que o programa seja esclarecido e discutido "junto à comunidade acadêmica e a população". A iniciativa do Multiplicando Saber foi fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), professores da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).


CORREIO BRAZILIENSE - 18/08/2010 - BRASÍLIA (DF)
Especialista defende capacitação em direitos humanos por universidades para formação de professores

Agência Brasil

As universidades brasileiras têm de intensificar a abordagem dos direitos humanos em seus cursos, principalmente nos de licenciatura e pós-graduação, que visam a formação de professores. A opinião é da filosofa Vera Maria Candau, membro do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos, que acredita que os docentes e demais agentes multiplicadores devem estar aptos a lidar com o tema para ajudar a disseminar novos valores na sociedade. “Muitos ainda assimilam os direitos humanos a uma questão de proteger bandidos. Desconstruir esta visão e demonstrar que os direitos não estão a serviço de um determinado grupo ainda vai exigir uma longa caminhada já que a sociedade brasileira foi construída a partir de muita desigualdade e de autoritarismo. A cultura dos direitos humanos coloca em questão toda esta visão estrutural na medida em que vai questionando estas disparidades e o autoritarismo”, disse Vera à Agência Brasil.

Professora do departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Vera foi uma das convidadas da 1ª Semana de Educação em Direitos Humanos, evento realizado pela Universidade Metodista e que ocorre até amanhã (19), em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Para ela, "as universidades têm sido tímidas" em relação ao tema.
“A educação em direitos humanos é uma educação necessariamente voltada para a mudança já que visa conscientizar as pessoas de que elas são sujeitas de direitos e de que estes não são dádivas nem são concedidos porque os governos querem ou não os querem”, explicou a professora. “Para formar essa consciência entre as pessoas é preciso haver agentes multiplicadores desta perspectiva e uma mídia atuante." Vera acredita que a compreensão sobre direitos humanos é algo que “vai penetrando lentamente na sociedade”. Para ela, tem se ampliado cada vez mais a percepção de que os direitos humanos não dizem respeito exclusivamente às esferas individual e política, mas também coletiva, cultural e ambiental.

PORTAL APRENDIZ - 18/08/2010
Direitos Humanos devem inspirar a gestão escolar


Sarah Fernandes

Propostas para incluir direitos humanos nas escolas devem ir além da abordagem dos temas nas aulas e inspirar a maneira como a gestão resolve conflitos e problemas dos alunos. A sugestão é da especialista em educação em direitos humanos, Vera Candau, que nessa quarta-feira (18/8) participou do I Seminário Internacional de Educação em Direitos Humanos, na Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo (SP). “Não adianta os direitos humanos estarem no currículo se os problemas da escola são resolvidos de formas arbitrárias, sem a participação de alunos, professores e funcionários”, observou Vera, que é professora da pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). “Os direitos humanos tem que estar na proposta pedagógica transversal da escola. Devem afetar as relações interpessoais e a maneira de resolver conflitos”.

Para a especialista, incluir direitos humanos nas escolas significa ir além da educação formal. “Não é a aquisição de informações sobre o tema. Trata-se de ter e inspirar comportamentos éticos e não discriminatórios nas escolas. É uma educação para construção da paz, para superar conflitos”, afirmou. “As escolas precisam articular atividades que afirmem a cultura dos direitos humanos entre os alunos”. Vera ressaltou que uma educação atenta aos direitos humanos é fundamental entre os mais pobres. “Quanto mais fragilizado o grupo, menos consciência tem dos seus direitos. Na América Latina e no Brasil têm poucas pessoas que são sujeitos de direitos”, avalia. Com a temática de direitos humanos no currículo e nas relações escolares é possível formar pessoas conscientes dos seus direitos e atuantes na sociedade, explicou Vera. “Esse é um processo em que os grupos aprendem a transformar e construir coisas novas. É uma educação político-transformadora, apta a enfrentar tensões”.

Observação: as notícias deste clipping são
meramente informativas, publicadas em jornais
diários. Portanto, não expressam a opinião do SINPEEM.


A DIRETORIA

CLAUDIO FONSECA
Presidente

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