27/02, 05/03 e 19/03/2016 - Curso presencial: ler para crer e escrever sua própria história - Bárbara Popp

     A aquisição da leitura e da escrita pelas crianças foi, por muito tempo, um mistério para educadores da infância. Havia uma concepção de que tais habilidades eram “aprendidas” pelas crianças de forma mecânica e automatizada, por meio de exercícios de repetição de sílabas e frases. Nos anos 80, a educadora Emília Ferreiro divulgou os primeiros resultados de suas pesquisas e a grande contribuição foi demonstrar que as crianças, quando aprendem a ler e a escrever, reinventam o sistema de representação da escrita, pois, como os mapas, as palavras representam objetos e ações. Dessa forma, a aprendizagem da escrita é uma aprendizagem complexa para a criança, conceitual, que envolve o levantamento de hipóteses sobre esse novo sistema.

     Desde muito novas as crianças sabem sobre a escrita pelas práticas sociais que estão inseridas: se seus pais leem para elas, se veem os pais lendo jornais e livros, se escrevem cartas e bilhetes... Antes de chegar à escola, as crianças já sabem muito sobre a escrita, pois estão imersas numa sociedade letrada, que usa as palavras em todos os lugares e em diversas situações sociais. Então, a criança começa a perceber a diferença entre os caracteres “letra” e outros tipos de caracteres (desenhos, números, símbolos). Essa é a primeira fase de um novo mundo que se abre para a criança: o do ler e escrever.

     Se, quando chegam à educação infantil, as crianças não tiveram esse contato com a escrita em suas casas, cabe à escola iniciá-la nessas práticas. É papel da educação infantil inserir a criança no mundo letrado. De que maneira?

     Os documentos institucionais do MEC e da PMSP apresentam orientações didáticas de como deve ser o trabalho com a leitura e a escrita na educação infantil. Importante enfatizar que a visão de alfabetização pelo uso de famílias silábicas e exercícios de cópia de letras está mais que superado. O conceito usado e aceito atualmente é o de letramento, que nada mais é do que criar um ambiente alfabetizador para que as crianças possam compreender o sentido e a utilidade a escrita em práticas sociais reais. Isso significa que a escola de educação infantil deve estar repleta dessas práticas escritoras e leitoras, orais e escritas, nas mais diversas linguagens. Dessa forma, a construção da leitura e escrita poderá ser feita pela criança de uma maneira integral e completa.


BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília:
MEC, SEB, 2010.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. Trad: Horácio Gonzales (et al.), 24ª ed. atual. São Paulo: Cortez, 2001. 

FERREIRO, Emília. “Capítulo 3 - O ingresso nas culturas da escrita”. In: FARIA, Ana Lúcia de Goulart (org.). O coletivo infantil em creches e pré-escolas: falares e saberes. São Paulo: Cortez, 2007.

SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Currículo integrador da infância paulistana. São Paulo: SME/DOT, 2015.

* Bárbara Popp, professora de educação infantil da Prefeitura de São Paulo. Graduada em Pedagogia pela USP

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