31/03/2016 - Curso de formação sindical - Quadro de Apoio - "Ações democráticas nas escolas" - Janaina Vargas de Moraes Maudonnet

O princípio da democracia na educação infantil

     No final do século XIX, a ideia de que as crianças podem ser educadas em espaços coletivos por profissionais especializados passa a ser difundida no mundo. Em um contexto em que especialistas da área estão questionando os modelos mais tradicionais de ensino das crianças maiores, educadores como Froebel, Montessori, Decroly e Freinet vêm defender a premissa da criança como centro da proposta pedagógica e a participação de todos os sujeitos nos processos educativos.

     Para estes educadores, participação significava propósitos compartilhados - ser parte de algo. Suas propostas se baseavam na crença de que todos os sujeitos têm a capacidade de refletir sobre as questões que lhe desafiam e de buscar soluções coletivamente. Para que haja participação efetiva é preciso que haja o reconhecimento do outro como sujeito, que tem pensamento, afetividade e voz (REVESCO, 2012). 

     Entre os princípios educativos atuais da educação infantil - diversidade e singularidade, indissociabilidade entre educar e cuidar, ludicidade e brincadeira e estética como experiência individual e coletiva (BARBOSA, 2009) - os de sustentabilidade, democracia e participação retomam os ideais desses clássicos educadores e apontam para a importância de a instituição de educação infantil ser um espaço de vida coletiva, no qual respeito e diálogo são valores formativos. Valores que oferecem às crianças modos de ser e estar na sociedade, regida por relações mais humanas e respeitosas. 

     Nessa perspectiva, todos os adultos – professores, gestores, equipe de apoio, familiares – e crianças são sujeitos e partícipes. "A educação, como um projeto coletivo e comunitário, é constituída e implementada através das relações entre as pessoas e está em constante ação na escola. Todos os adultos que trabalham na creche interagem com as crianças e, desse modo, são potencialmente educadores" (BARBOSA, 2009, p. 38).

     Todos os adultos, de forma consciente ou não, estão implicados no coletivo da instituição e na formação das crianças, pois todos são modelos de relação e compartilham práticas sociais e formas de pertencimento. Daí a necessidade de um projeto refletido coletivamente, com a participação de todos e em que todos possam assumir seu papel, tanto de formadores das novas gerações como de construtores de um ambiente mais justo e solidário no cotidiano das instituições.  

     Bibliografia 

     BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Práticas cotidianas na educação infantil: bases para reflexão sobre as orientações curriculares. Brasília, DF: MEC: UFRGS, 2009. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/relat_seb_praticas_cotidianas.pdf>. 

     REVESCO, Ofélia. Palestra: Participação como forma de viver. Congresso Internacional de Educação Infantil: o direito à educação que queremos. Associació de Mestres Rosa Sensat. Barcelona, 2012.  


     * Janaina Vargas de Moraes Maudonnet, doutoranda em Políticas Públicas em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Educação e graduada em Pedagogia pela USP. Especialista em Educação em Direitos Humanos pela Universidade Complutense de Madri. Formadora de gestores e professores em redes municipais no Estado de São Paulo e membro da comissão gestora do Fórum Municipal de Educação Infantil de São Paulo (Femeisp). Atualmente, é professora convidada no curso de especialização em Educação Infantil da FMU. Foi professora titular de educação infantil na Prefeitura Municipal de São Paulo. 
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