31/03/2016 - Curso de formação sindical - Quadro de Apoio - "Ações democráticas nas escolas" - Maria Aparecida Guedes Monção

     Consideram-se elementos fundamentais para as práticas democráticas na educação infantil o compromisso e o amor pelas crianças e pela infância. As concepções de criança e de infância são o nosso ponto de partida e também o nosso ponto de chegada. Compreender a criança em sua singularidade, sem desconsiderar o contexto em que está inserida e a maneira como a sociedade acolhe e reconhece a infância é um elemento importante para não promover análises isoladas do contexto social. Nesta perspectiva, trata-se de aprofundar a discussão sobre a especificidade da educação infantil, sem medo de lidar com as temáticas do afeto, do cuidado, dos sentimentos, das emoções e reconhecer que as instituições de educação infantil têm o cuidado e a educação como a dimensão política da existência humana.

     A gestão democrática na educação infantil deve ser constituída com a participação de todos que atuam nos CEIs e Emeis. Os ATEs, agentes escolares, auxiliares de cozinha e de limpeza têm contato constante com as crianças e apoiam todas as ações dentro das unidades educacionais. Por isso, devem participar dos processos de formação e das decisões relacionadas ao projeto pedagógico e do Conselho de Escola, juntamente com os professores e a equipe de gestão.

     As experiências educacionais democráticas são sempre uma aposta, uma possibilidade, um convite a contribuir para um mundo mais justo. Retomar, na formação continuada, com todos os segmentos da escola, estudos clássicos como os de Janusz Korczak, Anton Makarenko, Moisey Mikhaylovich Pistrak, John Dewey, Alexander Sutherland Neill, entre outros, pode servir como nutrição para novas ideias de organização e estrutura da escola e fortalecimento de nossa crença na educação democrática.

     Nesse sentido, é preciso ter esperança na constituição de uma nova estrutura das instituições de educação infantil e na efetivação de bases democráticas para alicerçar as relações educacionais. Esta é a esperança que deve mover todos os que estão envolvidos com a primeira infância – profissionais, pesquisadores, famílias –, considerar a criança como prioridade social e garantir condições para que as crianças desfrutem uma infância feliz e plena nas unidades educacionais. Para isso, é preciso, também, atentar para que os adultos responsáveis por sua educação tenham condições materiais dignas para desenvolver com qualidade suas tarefas e autonomia para decidir sobre os melhores caminhos para desenvolver seu trabalho.

     MONÇÃO, Maria Aparecida Guedes. Gestão democrática na educação infantil: o compartilhamento da educação da criança pequena. 2013. Tese de doutorado em Educação – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp), São Paulo, 2013.