13/06/2016 - Curso de formação sindical para o Quadro do Magistério "Ações democráticas nas escolas" - Gláuci Mora

Reflexões acerca de ações democráticas na escola
 
     “A nova sociedade exige cidadãos responsáveis, capazes de iniciativa, dispostos a correr riscos, inovadores e flexíveis na sua capacidade de adaptação a novas formas de vida, resistentes a desânimos ou frustrações em face das dificuldades, interventores e lutadores de ideias, realizadores de projetos, avaliadores de sucessos e fracassos.” (ALARCÃO, 2003, p. 100).

     Pensar a escola e os seus protagonistas no terceiro milênio é pensar na necessária formação de um sujeito que é individual, singular e autor de seus discursos. Desta maneira, se torna fundamental refletirmos sobre a formação de educadores em um contexto de expressões plurais, no qual complexas realidades multiculturais se inserem e entrecruzam em uma ampla diversidade de tradições religiosas, étnicas, políticas, sociais e de gênero. 

     Hoje, a escola pertence a um contexto de aceleradas mudanças culturais, políticas, sociais e tecnológicas que impactam diretamente as instituições de ensino. Isto traz à escola novas demandas e exigências de novas competências dos profissionais da educação e dos educandos.

     Eis o que se almeja em um cenário tão complexo: uma formação docente como política pública para que desenvolvamos uma prática formativa democrática e de qualidade. Tal contexto traz desafios que permeiam a educação contemporânea: formação docente conjunta com interdisciplinaridade, inclusão, projetos, ciclos de aprendizagem, integração curricular, avaliação para a aprendizagem e trabalho com autoria. 

     Todas essas temáticas e a práxis educacional significativa e democrática devem ser discutidas e realizadas na educação brasileira. No entanto, esta última, trabalho com autoria, muito preocupa, uma vez que dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) registram que 70% da população brasileira não leem e não escrevem com proficiência. 

     “É considerada analfabeta funcional a pessoa que, mesmo sabendo ler e escrever algo simples, não tem as competências necessárias para satisfazer as demandas do seu dia a dia e viabilizar o seu desenvolvimento pessoal e profissional.” (Inaf)

     Desta forma, os dados compelem a urgência de metodologias e ações educativas que construam uma prática formativa democrática na escola e na comunidade, em que os protagonistas da aprendizagem (gestores, administradores, discentes e docentes) tenham escolas preparadas para proporcionar um ensino de qualidade, que respeitem a individualidade e heterogeneidade da comunidade escolar. Assim, a práxis educativa deve valorizar a singularidade dos educandos, desenvolvendo habilidades leitoras e escritoras proficientes para a sua emancipação como sujeito de direito, garantindo a ele participação igual na sociedade rumo ao sucesso.

     Portanto, há a importância de uma educação que constitua o ser humano, tornando-o emancipado e autônomo em uma sociedade de escrita, cujo nível de letramento significativo se faz necessário para a aquisição e compreensão do que vem a ser um cidadão reflexivo, participativo, com direitos e deveres. 

     Todos os educandos são seres de deficiências e eficiências, ou seja, todos têm capacidade de aprender de acordo com os seus interesses e ritmo, conseguindo emancipação intelectual rumo à autoria. Essas são algumas das ações democráticas de emancipação pelo letramento que devem acontecer na escola. Nas palavras de Milton Santos, o mundo atual é movido pelo discurso e nosso trabalho é produzir o contradiscurso.


     REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

     ALARCÃO, Isabel. Formação continuada como instrumento de profissionalização docente. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Caminhos da profissionalização do magistério. Campinas, SP: Papirus, 1998.

     Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) – pesquisa idealizada entre o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa e realizado com o apoio do Ibope Inteligência com o objetivo de mensurar o nível de alfabetismo da população brasileira entre 15 e 64 anos, avaliando suas habilidades e práticas de leitura, de escrita e de matemática aplicadas ao cotidiano. Disponível em http://www.ipm.org.br/pt-br/programas/inaf/relatoriosinafbrasil/Paginas/default.aspx?p=1


     * Gláuci Mora - professora do ensino fundamental II e médio durante 20 anos em escolas públicas e particulares. Trabalha com formação de professores do ensino fundamental I e II, dos ensinos médio e superior desde 1998. É palestrante e coautora de dois livros.
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