20 e 22/09/2017 - Curso de formação sindical - Magali do Nascimento de Paula

Saberes escolares: o singular, o particular e o universal 

     A escola é um mecanismo vivo em constante mudança, tendo como seus principais objetivos o desenvolvimento da aprendizagem do aluno, a construção de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores éticos e democráticos. Toda a comunidade escolar, sem exceção, tem responsabilidade no alcance destes objetivos, seja de forma direta ou indireta, bem como todos os processos que acontecem dentro da organização são direcionados para esse fim. 

     É de vital importância que todos os que pertençam à comunidade escolar conheçam os caminhos que a sua unidade escolheu para trilhar e para isso devem estar envolvidos nos processos de elaboração das diretrizes que nortearão o rumo a seguir. Isto requer um olhar respeitoso, sem julgamento e fiel às necessidades dos alunos e daquela comunidade e a compreensão de que os saberes escolares estão pautados em determinações epistemológicas e éticas (universalidade), por um lado, determinações culturais e morais (particularidade), por outro, e determinações individuais (singularidade) dos sujeitos envolvidos na produção do currículo.

     Essas ações se materializam na elaboração do projeto político-pedagógico, que é o documento que apresenta a visão geral sobre a escola, especificando quais são as particularidades daquela instituição e o que ela pretende ser para os seus alunos. 

     Além disso, o projeto político-pedagógico explica como se pretende desenvolver o ensino, além de propor ações objetivas para melhorar a instituição. Desta forma, a participação da comunidade na elaboração do projeto político-pedagógico é essencial para o sucesso da escola que queremos e é garantida pela Portaria nº 7.778, da SME (DOC de 26/11/2016, páginas 13 a 15), em seu artigo 3º, que resolve que “As unidades educacionais da rede municipal de ensino deverão elaborar seu projeto político-pedagógico ou redimensioná-lo, sob a coordenação da equipe gestora, com a participação da comunidade educacional e aprovação do Conselho de Escola/CEI/Cieja, a fim de nortear toda a sua ação educativa”. 

     Mas, na prática, quais vozes estão representadas no projeto político-pedagógico da instituição? Essas vozes refletem a escola queremos? 

     Essas são perguntas que nem sempre podem ser respondidas por todos os integrantes da comunidade escolar, apesar do projeto político-pedagógico ser um instrumento a ser elaborado de maneira colaborativa. Cabe a cada escola decidir qual é a maneira mais eficiente de incluir toda a comunidade no processo de criação do documento. Há instituições que optam pela formação de um conselho escolar que delibera sobre o projeto político-pedagógico. Outras, entretanto, optam pela realização de plenárias. 

     Não há uma fórmula exata: apenas é preciso dar voz a todos quando da elaboração do projeto, sendo responsabilidade dos gestores/líderes escolares a garantia que tudo ocorra de maneira democrática e eficiente. Além disso, cabe aos gestores/líderes dar uma forma final à visão da escola, divulgá-la para a comunidade, tornando-a poderosa, como uma força no coração das pessoas com um poder impressionante que inspira, atrai e que é compartilhada por todos.

     Nas organizações de sucesso, observa-se uma força quase incontrolável que é criada quando todos sustentam uma mesma visão. A habilidade do líder é ser capaz de gerar apoio para a visão, por meio de um sentimento de cuidado comum. Uma visão que é compartilhada logo se conecta com as aspirações individuais das pessoas e que, então, se combinam para o bem coletivo. Nas escolas de hoje e do futuro, isso é absolutamente essencial para que o sistema de ensino siga em frente e promova uma maior coerência associada ao aprendizado personalizado para cada indivíduo.

     A escola está sendo desafiada a atender as atuais necessidades dos alunos, bem como prepará-los para o século XXI. Ela deve responder a esse desafio com uma visão poderosa, uma imagem do futuro com que alunos, professores, administradores, pais e membros da comunidade estejam dispostos a trabalhar.

     Para isso, e por isso, é essencial que o projeto político-pedagógico não seja apenas um documento que sirva para cumprir as exigências formais da educação. Ele deve ser o coração da escola que reflete os anseios, as necessidades e as características de toda a comunidade escolar. E todos devem trabalhar constantemente para que ele seja colocado em prática em todos os âmbitos da escola.


     * Magali do Nascimento de Paula, mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela PUC-SP, especialista em Gramática de Língua Inglesa e graduada em Letras. Atualmente, presta serviços como consultora e coach educacional, assessora pedagógica e formadora para diversas escolas e instituições. Possui experiência na área de linguística, com ênfase em formação de professores e EaD
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