20 e 22/09/2017 - Curso de formação sindical - Michel Vicentine Martins

Saberes escolares: o singular, o particular e o universal 

     Por uma relação de sobrevivência instintiva e natural, qualquer coletivo social estabelece convenções, normas e procedimentos para consonância e estabilidade deste grupo, aproximando a ideia do conceito de “espectro social”, apresentando o conjunto de possibilidades de comportamentos específicos e singulares nas múltiplas formas de interação com indivíduo em todas as facetas do desenvolvimento social e humano. Assim, se observa que para uma análise completa e efetiva sobre o desenvolvimento humano deve-se observar a conjuntura temporal, cultural e cognitiva dentro de suas variadas combinações.

      Numa sociedade multicultural, altamente competitiva, exigente e seletiva como a atual, que evolui continuamente de forma dinâmica, e na qual se inscreve a ação educativa, construída por influência de contextos vários, cabe à escola a responsabilidade de se multiplicar em estratégias e ações, se reinventando permanentemente para ajudar os alunos a desenvolver competências essenciais com vista à sua promoção pessoal, social e profissional (CORREIA, 2012).

     Como eixo vertebrado para este parecer crítico, tendo como princípio o elemento vital de análise a escola, faz-se necessário a compreensão da comunidade local em seu contexto para que haja uma concepção de transformação efetiva. Assim, o conceito paradoxal de singularidade se aplica na compreensão de que o “coletivo” escola se constituiu de membros únicos e específicos, que denominamos de comunidade escolar. Cada ator desta comunidade apresenta um contexto, um discurso que o acompanha, assim cada participante deste coletivo possui, dentro de sua constituição, uma história singular, que se consolida nas questões de convivência deste espectro social, além da construção das relações, diálogos e conflitos.

     Assim, o intuito de buscar a qualidade educativa se dá na configuração de subjetividades de conjugação de concepções diversificadas, pontuadas por matizes dos significados que cada ator coloca na sua definição pessoal e no redimensionamento da experiência educativa na assunção dos papéis justapostos de narrador, ator e autor que permite a elaboração de questionamentos até então despercebidos. (BARBOSA, 2012).

     A compreensão de que cada ator deste processo é único e que os diálogos de convivência entre eles apresentam novos teceres e saberes, que se moldam a partir das relações, faz-se necessário a criação de um ambiente de aprendizagem em constante mutação e atento para as múltiplas combinações, além de políticas educacionais que atendam a todos os atores envolvidos.

     Dentro desta perspectiva indagamos: como a escola se constitui? Ela está preparada para acompanhar as mudanças sociais, intelectuais e tecnológicas?

     Precisamos refletir sobre estas relações para que haja um olhar crítico e efetivo sobre a complexidade deste espectro social.

     Assim, convidamos o participante para um aprofundamento temático sobre quatro eixos. O primeiro, denominado “singularidade”, apresentando a constituição social de cada indivíduo no processo educacional e suas relações; o segundo, “sentipensar”, indagando sobre a necessidade de equilíbrio entre os processos epistemológicos e empíricos, além a inserção de ambientes de aprendizagem que envolvam afetividade. Já o terceiro, “tissularidade”, indica a necessidade de um olhar dinâmico sobre o processo metodológico em todas as áreas da comunidade escolar; e o último apresenta as possibilidades de compreensão do contexto escolar a partir do princípio da “pedagogia ativa”.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

     BARBOSA, Sónia, and Elisabete Ferreira. “Experiências de subjetividade educativa e lideranças vinculativas na construção da qualidade singular”. X Colóquio sobre Questões Curriculares/VI Colóquio Luso-brasileiro de Currículo (2012).

     CORREIA, José Alberto. “Relações entre escola e comunidade: da lógica da exterioridade à lógica da interpelação”, 2012.

     GANDIN, Danilo. “A prática do planejamento participativo.” Petrópolis: Vozes, 1994.

     SCHILLING, Flávia. “A sociedade da insegurança e a violência na escola”. Summus Editorial, 2014.


     * Michel Vicentine Martins, mestre em Educação, especialista em arte-educação, neurociências e educação inclusiva, licenciado em educação musical, com habilitação em Recursos Tecnológicos pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e em Pedagogia pela Faculdade Paulista de Comunicação e Educação.  Autor do livro “A música e o processo educativo – atos, cenas e recortes pedagógicos” e articulista do livro “Reflexões para o despertar da consciência ética.  Atualmente é secretário de Educação de Araçariguama (SP), supervisor educacional do Projeto Guri (AAPG) e docente da Faculdade Censupeg nos cursos de pós-graduação em Neuropsicopedagogia, Educação Musical e Neurociência e Educação
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