13/06/2019 - Reforma da Previdência: substitutivo altera pontos relevantes da proposta original

        O relatório da reforma da Previdência (PEC nº 6/2019) apresentado em 13 de junho, faz várias alterações no conteúdo aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, no dia 23 de abril.

        Com as mudanças, o governo espera economizar em torno de R$ 915 bilhões, em 10 anos. A versão original da proposta previa economia de R$ 1,2 trilhão nesse período.

        A redução se deve às alterações feitas na proposta do governo para viabilizar a votação na Comissão Especial. O relator disse que vai repor R$ 217 bilhões de outra forma. Mas ele não adiantou que forma será essa.

        Em análise comparativa, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) apresenta quadro com a  proposta do governo e o substitutivo do relator.

Nova regra de transição

        No substitutivo, o relator manteve as diretrizes do texto original do Executivo, como a idade mínima para a aposentadoria dos trabalhadores dos setores público e privado, mas eliminou itens considerados polêmicos e criou nova regra de transição, com pedágio de 100% do tempo de contribuição que faltar na promulgação futura emenda constitucional.

Alíquota progressiva para contribuição

        O relator manteve a proposta do governo, que prevê a unificação das alíquotas de contribuição previdenciária. Servidores federais aposentados e seus pensionistas pagarão o tributo sobre o montante que ultrapassa o teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), hoje em R$ 5.839,45.

Entenda as mudanças apresentadas pelo relator no substitutivo 

1) idade mínima (trabalhador urbano):

     - proposta do governo: idade mínima para aposentadoria após o período de transição proposta pela PEC é de 62 anos (mulheres) e 65 (homens). O tempo mínimo de contribuição passa a ser de 20 anos para ambos os sexos.

     - substitutivo: mantém as idades mínimas (62 e 65), com mudança para o tempo mínimo de contribuição, no entanto, sobe para 20 anos apenas para homens; para mulheres, fica em 15 anos.


2) aposentadoria rural:

     - proposta do governo: idade mínima de 60 anos para a aposentadoria de homens e mulheres, com 20 anos de tempo de contribuição para ambos os sexos.

     - substitutivo: idade mínima permanece em 55 anos para mulheres e 60 para homens e para quem exerce atividade economia familiar, incluindo garimpeiro e pescador artesanal. O tempo mínimo de contribuição sobe de 15 anos para 20 anos apenas para homens; no caso das mulheres, são mantidos 15 anos.


3) professores:

     - proposta do governo: idade mínima de 60 anos para aposentadoria de homens e mulheres.

     - substitutivo: idade mínima de 57 anos para as mulheres e de 60 para homens, até que sejam definidos novos critérios por meio de lei complementar. Regra vale para professores da educação infantil, ensino fundamental e médio.


4) capitalização:

     - proposta do governo: lei complementar deveria instituir novo regime de Previdência Social, com regime de capitalização.

     - substitutivo: relatório retira a possibilidade de capitalização.


5) Benefício de Prestação Continuada (BPC):

     - proposta do governo: idosos pobres passam a receber R$ 400 a partir dos 60 anos, e um salário mínimo a partir dos 70.

     - substitutivo: elimina a mudança e permite que idosos pobres continuem a receber 1 salário mínimo a partir dos 65 anos.


6) abono salarial:

     - proposta do governo: pagamento fica restrito aos trabalhadores com renda de até 1 salário mínimo.

     - substitutivo: determina que pagamento deverá ser feito aos trabalhadores de baixa renda — até R$ 1.364,43.


7) salário-família e auxílio-reclusão:

     - proposta do governo: beneficiários do salário-família e auxílio-reclusão devem ter renda de até 1 salário mínimo.

     - substitutivo: beneficiários do salário-família e do auxílio-reclusão são pessoas de baixa renda — até R$ 1.364,43.


8) reajuste dos benefícios:

     - proposta do governo: texto eliminava trecho da Constituição que garantia o reajuste dos benefícios para preservar o valor real. Ou seja, para compensar as perdas da inflação.

     - substitutivo: proposta devolve o trecho ao texto, garantindo o reajuste dos benefícios pela inflação.


9) pensão por morte:

     - proposta do governo: valor da pensão por morte - que hoje é de 100% para segurados do INSS - ficará menor. Tanto para trabalhadores do setor privado quanto do serviço público, o benefício passa a 60% do valor mais 10% por dependente adicional. Assim, se o beneficiário tiver apenas um dependente, receberá os 60%; se tiver 2 dependentes, receberá 70% - até o limite de 100% para cinco ou mais dependentes.

     - substitutivo: mantém as mudanças da PEC, mas garante benefício de pelo menos um salário mínimo nos casos em que o beneficiário não tenha outra fonte de renda.


10) aposentadoria de magistrados:

     - proposta do governo: PEC não tratava especificamente do assunto.

     - substitutivo: texto propõe retirar da Constituição a possibilidade da aplicação da pena disciplinar de aposentadoria compulsória.


11) exclusão de estados e municípios:

     - proposta do governo: PEC valeria para servidores dos estados e municípios.

     - substitutivo: estados e municípios retirados da PEC. Com isso, se esse ponto não for reinserido durante a tramitação da proposta, as eventuais alterações nas regras previdenciárias que vierem a ser aprovadas pelos congressistas não terão efeito sobre os regimes de aposentadoria de servidores estaduais e municipais. O relator destacou que os legislativos de cada ente federativo terão de aprovar regras próprias por meio de lei complementar.

 
12) incorporação de adicionais ao salário:

     - proposta do governo: PEC não trata do assunto.

     - substitutivo: relatório inclui a proibição de que adicionais por cargo de confiança ou cargos em comissão sejam incorporados ao salário de servidores. A proibição, que já existe para servidores federais, busca reduzir os gastos dos estados e municípios.


TRAMITAÇÃO

      O prazo para retomar o debate é de duas sessões do plenário da Câmara. Assim, a comissão retoma os trabalhos na próxima terça ou quarta-feira (19/06). 

      Depois de aprovado pela comissão, o texto seguirá para votações em plenário, na Câmara e no Senado, onde será examinado inicialmente pela Comissão de Constituição e Justiça, que oferecerá parecer quanto à constitucionalidade e mérito.

      Por se tratar de PEC, são necessários, para a aprovação, votos favoráveis de três quintos do total de parlamentares no plenário das duas casas legislativas - 308 votos na Câmara e 49 no Senado - em dois turnos de votações.
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