28/09/2019 - Seminário: Por uma educação da igualdade de gênero - Joice Aziza

     A nossa sociedade vem se transformando a cada dia. Conjuntamente, as pessoas como pertencentes a esse meio, se modificam igualmente. A escola como parte integrante da sociedade, precisa repensar posturas, desconstruir ideias estereotipadas sobre determinados ensinamentos, corroborando para a formação de uma sociedade mais igual e justa para todos e todas.

     É nesse cenário de mudanças que chega às novas demandas de ensino, pautadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), construída coletivamente (estudiosos, professores, estudantes e sociedade civil) durante dois anos, que servirá de base nacional de aprendizado, para a próxima década do século XXI. A BNCC expressa a promoção de uma educação integral voltada ao acolhimento, reconhecimento, respeito às diferenças e enfrentamento à discriminação e ao preconceito.

     Para além de conteúdos, a escola precisa estar preparada para receber estudantes da chamada diversidade: negros, que até o currículo anterior apareciam apenas em conteúdos sobre a escravidão, a importância do papel feminino, estudantes com diferente orientação sexual, para além da heteronormatividade, precisam ser representados, para que haja a efetiva promoção da equidade escolar.

     De setembro a novembro, compartilharemos sugestões que auxiliem professores, profissionais da educação e interessados, com indicações pedagógicas antirracistas e de igualdade de gênero.

     Certamente, em âmbito escolar, já ouvimos ou reproduzimos frases como: "vem pra escola vestida assim, não vai poder reclamar quando algum menino mexer com você", - "se comporte como uma moça" - "fila de meninos e fila de meninas", - "pare com isso menino, parece mulherzinha", - "meninas, devem se dar ao respeito" - "só podia ser menina pra fazer isso" - "esse esporte não é para meninas", dentre outros.

     Para tudo! A partir de hoje citações como essas serão abolidas de nosso repertório ou, debateremos sobre. Substituiremos por aulas que ajudem a desconstruir conceitos de que meninos e meninas não precisam ter comportamos distintos. Falas como essas são pura reprodução do machismo, que inferioriza mulheres e meninas, colocando-as em lugares subalternos, exotizado e de inferioridade. Precisamos nos atentar e agir com precisão, para quebrar normas impostas, que não nos servem mais.

     Que tal ensinar aos meninos que eles não têm o direito de olhar o corpo das meninas sem respeito? Ensinar que tais tipos de roupas usadas por elas não incitam a aguçar suas vontades?

     Não force as meninas a se encaixar em um modelo de comportamento "adequado". A melhor saída, é conversar com os meninos sobre a necessidade de respeitar todas as meninas, sem exceção.

     No lugar de proibir roupas, que tal debater sobre elas? Quais são adequadas para usar na escola, em casa e nas festas?

     Crianças e adolescentes estão em processo de formação. Classificar o que podem ou não fazer prejudica o desenvolvimento escolar e o desenvolvimento. O que precisamos é encorajar meninas e meninos a praticar todos os tipos de esportes.

     Fazer uso da escuta atenta, ouvir o que as meninas têm a dizer. Deixá-las manifestar o que as incomoda. O incômodo causa mal-estar, indisposição e até pode provocar queda na autoestima.

     A escola precisa repensar sobre o que é ser mulher e o que é ser homem na sociedade atual. No fim das contas são conceitos arraigados em nossas culturas que formam a base da desigualdade de gênero da discriminação e, consequentemente, da violência exercida contra as mulheres e meninas.

     Pense nisso!


* Joice Aziza - especialista em questões de raça e gênero e professora de História na rede estadual de Ensino (Escola Isaias Luiz Matiazzo - Caieiras)
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