07/03/2020 - Seminário “Mulheres, diversidade e racismo: um caminhar de lutas e resistência” - Mariléa de Almeida

Bell hooks e a crítica feminista: aportes para uma educação transgressora

     Bell hooks, um dos nomes mais proeminentes do feminismo negro, é professora de literatura, estudos culturais e teoria feminista em várias universidades dos Estados Unidos. É, também, autora de uma dezena de livros – inclusive para o público infantil –, cujos temas giram em torno de educação, crítica cultural e afetividade. Batizada como Gloria Jean Watkins, a pesquisadora, em homenagem à sua avó Bell Blair Hooks, adotou o mesmo nome, grafado em letras minúsculas. 

     Nascida na década de 1950, na zona rural do sul dos Estados Unidos, no período da segregação racial, bell hooks vivenciou simultaneamente a dominação patriarcal e de gênero. Naquele contexto, para as meninas negras das classes trabalhadoras eram dadas três opções: casar, trabalhar como empregada doméstica ou se tornar professora. Nessa perspectiva, para muitas mulheres negras da época, lecionar era um ato político, pois era uma forma de fortalecer a comunidade negra por meio do conhecimento.  

     Durante a infância, como aluna em escolas segregadas, bell hooks conviveu com professoras cujas práticas não se limitavam à mera transmissão de conhecimento. Assim, quando mais tarde já atuava como professora universitária, ao conhecer o trabalho do filósofo brasileiro Paulo Freire, adensou suas análises sobre educação, como prática de liberdade. Dessa maneira, suas práticas pedagógicas nascem da interação entre as abordagens anticolonialista, crítica e feminista, favorecendo a criação de um pensamento crítico, singular e transgressor. 

     Valendo-se do pensamento de bell hooks, a palestra enfocará as contribuições da autora para a educação, especialmente no que se refere à construção de práticas antissexista e antirracista. Para tanto, a palestra percorrerá três caminhos: o primeiro situa o pensamento da autora no campo da produção dos feminismos negros estadunidense e brasileiro, produzidos entre as décadas de 1970 e 1990; o segundo discute a influência de Paulo Freire para o  pensamento de bell hooks; e o terceiro retoma algumas problematizações realizadas pela autora  sobre as opressões baseadas em raça, gênero e classe, destacando  suas  contribuições  para a construção de práticas pedagógicas transgressoras.


* Mariléa de Almeida, doutora em História IFCH/Unicamp, mestre em História pela Universidade Severino Sombra, pós-graduada em Filosofia pelo Centro Universitário de Barra Mansa e em História do Brasil Pós Trinta pela Universidade Federal Fluminense.
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