07/03/2020 - Seminário “Mulheres, diversidade e racismo: um caminhar de lutas e resistência” - Silvane Silva
A importância e a urgência do diálogo sobre gênero na sociedade brasileira
Dois episódios recentes evidenciaram a importância e a necessidade da realização do diálogo sobre gênero na sociedade brasileira. O primeiro foi em 2015, quando o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) obteve grande repercussão ao pautar a violência contra a mulher como tema de redação e formular uma questão da prova com a frase de Simone Beauvoir: "Não se nasce mulher, torna-se mulher". O outro foi em 2017, quando a filósofa Judith Butler foi hostilizada, na cidade de São Paulo, por um pequeno – porém barulhento e midiático – grupo de pessoas que se dizia contra a "ideologia".
Estes são exemplos que mostram como parte da sociedade brasileira ainda resiste em realizar o debate sobre as relações de gênero de maneira séria, honesta e com base em dados da realidade cotidiana, sem as bravatas "pseudorreligiosas", que visam apenas à permanência dos privilégios de alguns em detrimento da conquista de direitos de muitas(os).
É exatamente por isso que se faz urgente que as(os) educadoras(es) estejam engajadas(os) em promover uma educação capaz de formar pessoas habilitadas para entender, debater e promover a igualdade nas relações de gênero, de modo que possamos extinguir da nossa sociedade as desigualdades e as diversas formas de violência sofridas pelas mulheres e, também, pela comunidade LGBTQI.
As masculinidades tóxicas, que violentam a todos – inclusive aos próprios homens – devem ser questionadas e destruídas para que juntas(os) possamos construir uma sociedade mais humana e mais justa.
REFERÊNCIAS:
Ação Educativa. Por que discutir gênero na escola? <http://acaoeducativa.org.br/wp- content/uploads/2016/09/publicacao_porquediscutirgeneronaescola.pdf> acesso_19 Fev_2020.
AKOTIRENE, Carla. O que é Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro: Pólen, 2019.
BERTH, Joice. O que é empoderamento. Belo Horizonte, Letramento, 2018.
HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Tradução Ana Luiza Libânio, 2a, Ed. Rio de Janeiro: Rosa dos tempos, 2018.
RESTIER, Henrique e SOUZA, Rolf Malungo (Org.). Diálogos contemporâneos sobre homens negros e masculinidades. São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2019.
* Silvane Silva, professora, historiadora e doutora em História pela PUC-SP.