A identidade e a formação dos profissionais de CEI

DEBATE

ADJACI, do CEI do CEU Meninos -  Ipiranga - elogiou o SINPEEM pela iniciativa de fazer esse encontro com os professores dos CEIs , dizendo que isso eleva o nível da participação e trás para mais perto a discussão sobre o papel deste educador.

JOVITA, do CEI Helena Junqueira  - Jabaquara -  “Como tratar da questão do cuidar e educar quando as crianças estão indo precocemente para a primeira série, pela lei federal?”

MÁRCIA, do CEI São Bento Velho –  “O supervisor da minha unidade escolar trata mais das questões físicas e de limpeza, da Unidade do que do trabalho pedagógico e da formação desses profissionais. Como fica a formação deste profissional (supervisor)? É um preconceito ou desinformação?

Respostas – Miriam Tronnolone

Existe por parte de algumas entidades e sindicatos uma grande preocupação com os profissionais de CEIs e isso é muito importante pois a contribuição que os CEIs tem a dar para os outros níveis de ensino é muito grande . Os CEIs têm muito a dizer e devem se apresentar sempre, pois as contribuições são inúmeras.

Cuidar sempre existe, mas muitas vezes é negado. Os relatos e encontros específicos desses profissionais  devem ter cada vez mais espaços e são muito interessantes pois as perguntas refletem o verdadeiro quadro deste nível de ensino que foi para a Secretaria da Educação mas ainda não encontrou sua real identidade.

 Sobre o Fundeb/Fundef  – Aconteceram muitos movimentos de fóruns de educação infantil, de entidades e conferências para que esses fundos  fossem destinados também para esse nível de ensino (0 a 3 anos), afinal a  educação infantil é necessária e fundamental para um país.

Quanto à questão colocada pela JOVITA, as crianças realmente estão indo para a educação fundamental antes dos sete anos de idade. É a lei do ensino fundamental de nove anos. Tudo isso aconteceu primeiramente por causa do Fundef,  que não incluía  a educação infantil e, por esse motivo, pensaram em ampliar o ensino fundamental para que os municípios pudessem pegar essa verba. Com a aprovação do FUNDEB essa questão está superada. Tudo isso também porque a educação infantil não é obrigatória e sim opcional . Em vários países o ensino é obrigatório a partir dos quatro anos de idade, mas precisamos clareza dos objetivos deste ensino infantil. Qual os verdadeiros objetivos para as crianças de 6, 7 e 8 anos de idade? E pergunto mais: quais os objetivos para todas as idades?
Na educação infantil a brincadeira deve ter um espaço privilegiado e é muito, muito importante para essas crianças. Portanto, qual o projeto de educação para essa faixa etária? Em Belo Horizonte, eles trabalham com ciclos divididos em idades: 6 , 7 e 8 anos; 9, 10 e 11 anos; 12, 13 e 14 anos  –  e têm objetivos específicos para essas fases. A proposta de atendimento dos CEIs, qual é? Isso é muito importante. Por exemplo: ouço sempre  as pessoas do ensino fundamental dizerem: ELES NÃO CONSEGUEM NEM SENTAR... Será que ficar sentado durante as quatro horas ou mais do ensino fundamental é adequado  para essas crianças que estão chegando com seis anos nesse nível de ensino? Vamos pensar ...

Falaram sobre o trabalho do supervisor de ensino no CEI. Accerdito que a identidade do supervisor de CEI também está em construção, pois ainda não houve essa integração completa, apesar de os CEIs já fazerem parte da Secretaria da Educação. Essa integração tem de ser conquistada dia a dia e a formação desse profissional também é muito importante.

Perguntaram sobre o Ministério Público obrigar a matrícula de alunos nos CEIs. O Plano Nacional de Educação propunha como meta o seguinte:
para 2001 – 7,4% das vagas para  crianças de 0 a 3 anos 
                    44% das vagas para crianças de 4 a 6 anos

para 2006 – 30% das vagas para crianças de 0 a 3 anos 
                  60%  das vagas para crianças de 4 a 6 anos

para 2011 – 44% das vagas para crianças de 0 a 3 anos 
                  80% das vagas para crianças de 4 a 6 anos.

Podemos avaliar que o Estado deverá investir muito nessa meta para ampliar o atendimento dessas faixas etárias.

Perguntas feitas para Rosângela Delage

1 – Até que ponto ser chamada de tia pelos alunos compromete o profissional?

Rosângela –
Não compromete,  mas é bom mudar isso, pois não somos parentes das crianças e elas devem entender isso. Com proximidade que temos com as crianças, o afeto não é diminuído quando elas nos chamam de professora ou nos chamam de alguma outra forma carinhosa que pode aparecer no momento. Tia é um grau de parentesco e a família da criança tem condição de explicar isso para ela .
 
2 – Num período de férias uma mãe me telefonou pedindo para que eu ficasse com sua filha, pois  ela não estava agüentando de saudades de mim. Esse vínculo é prejudicial?

Rosângela –
A carência das crianças é muito grande e, por esse motivo, muitas vezes por não saberem lidar com esses sentimentos, elas verbalizam da forma como podem. Os sentimentos, em geral, são difíceis de ser verbalizados pelas crianças pequenas. Não devemos ter limites para o afeto mas a individualidade é sempre necessária. Nesse caso, você estava de férias e não cabia o pedido da mãe. A educação é para a vida e as crianças precisam ter limites e saber lidar com suas frustrações. Quando falo das relações entre crianças e adultos no espaço escolar costumo dizer a palavra INFINITO. Quanto maior a relação maior a credibilidade. E a aprendizagem fica muito mais próxima.

Como agir quando a escola deixa crianças doentes entrarem para a escola?

Rosângela –
O cuidar envolve a prevenção, inclusive de doenças. Não podemos expor as outras crianças e nós mesmos a doenças contagiosas. Os profissionais da escola também estão sujeitos a contrair doenças e o que devem fazer? Tirar licença, não? Devemos usar o mesmo princípio para as crianças da escola. Acho que há uma lei dizendo que não podem entrar na escola doentes...

Os momentos de formação que temos nos CEIs não são adequados e em alguns nem acontecem , como alcançar a formação necessária?

Rosângela –
Temos algo que é o IDEAL e o que é o REAL. Seria muito bom se acontecesse realmente e adequadamente essa formação para os profissionais, mas... A  aproximação traz esclarecimento de dúvidas e essa troca é fundamental, porém, não devemos esperar pela formação. Só a busca me aprimora e eu tenho muito mais clareza disso nos momentos em que estou num congresso, num seminário ou num encontro nos quais partilho informações e troco com o outro. Só depender e reclamar dos órgãos públicos não resolve. Devemos sempre buscar para crescermos profissionalmente.

Miriam Tronnolone – O diálogo para troca de experiências é sempre necessário  e importante para a formação dos profissionais de qualquer área e se as Emeis e os CEIs procuram estabelecer esse diálogo todos terão ganhos. As marcas da história da creche são profundas e a identidade desses profissionais, antes chamados de pajens, deve ganhar outro significado e outro sentido hoje.


e-mails das palestrantes
Miriam Tronnolone –
miriamt@bol.com.br
Rosângela Delage – delagepedagogia@hotmail.com

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