13/06/2016 - Curso de formação sindical para o Quadro do Magistério "Ações democráticas nas escolas" - Elizabeth Feffermann

     “Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão” (FREIRE, 2003, p. 92) 

     Na sociedade contemporânea, em constante transformação, as experiências ocorrem na interação do sujeito com o mundo e cada experiência é elaborada, interpretada e simbolizada de maneira ímpar por cada sujeito. 

     A escola está consolidada pelos mesmos princípios presentes na sociedade, que expressa formas de manutenção e reprodução da cultura na qual está inserida. Reproduz a sociedade e, ao mesmo tempo, por ser um espaço vivo, em constante movimento, possibilita proposições de transformação dessa mesma sociedade pelos indivíduos, pois o próprio ato educativo é um fenômeno dialético e dialógico que transita na repetição do antigo e na construção do novo.

     A partir de 1980 grandes debates envolveram a questão da gestão democrática no cenário educacional que culminaram na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB nº 9.394/1996), na qual o princípio da democracia está presente. 

     Democracia, como fundamento, como princípio, envolve a convivência humana entre sujeitos que se afirmam como tal. Hoje, a democracia necessita ocupar outros espaços da vida social, para além do voto, que é importante, mas não suficiente. Segundo Paro, a democracia não se concebe, se realiza e complementa “Não pode haver democracia plena sem pessoas democráticas para exercê-las”. (2006, p.25).

     Abordar o tema democracia, segundo Gadotti (2001), nos remete a discutir autonomia, uma construção individual e coletiva, que só se desenvolve em uma escola – organização social, cultural e humana – em que se estabeleça com clareza o papel de cada ator escolar num ambiente democrático.

     A educação é um processo que ocorre na interação entre as pessoas, num tempo e espaço determinado, num contexto socioeconômico, cultural e político, se consolidando, prioritariamente, nas instituições escolares.

     Diferentes instâncias e organizações estão presentes na escola, nas quais as ações democráticas podem ser vivenciadas. A construção e efetivação do projeto político-pedagógico, reuniões, conselhos e, em especial, as relações interpessoais que se estabelecem no interior da escola.

     As relações professor/estudante, estudante/estudante, a inter-relação destes com o conhecimento histórico e socialmente constituído, destacando-as entre as inúmeras relações que se estabelecem na escola, são oportunidades de se exercer o diálogo, o respeito às diferenças, o exercício de se vivenciar valores éticos.

     Para que a escola cumpra sua função social, o processo de ensino/aprendizagem deve se pautar no desenvolvimento humano, na construção do coletivo, na participação e, portanto, na convivência democrática, alicerce para se alcançar a qualidade social da educação almejada.


     Referências bibliográficas

     PARO, V.H. Gestão democrática da escola pública, 8ª ed. São Paulo: Editora, Ática, 2004.

     GADOTTI, Moacir. Concepção dialética da educação: um estudo introdutório. São Paulo: Cortez, 2001.


     * Elizabeth Feffermann - graduada em Pedagogia e Serviço Social. Pós-graduada em Educação em Saúde Pública e mestre em Educação: Formação de formadores.


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